quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Loucura

Tive a empáfia de achar que tinha algo importante a dizer...
Quando me dei conta disso, calei.
Tive a ambição de achar que faria diferença e mudaria o mundo...
Aprendo todos os dias o quão sou insignificante, e que mudar a mim mesmo já requer um grande esforço.

Fico na minha, ou pelo menos tento... sou irrelevante e pretendo passar desabercebido.
O importante éh simplesmente Ser, ou ao menos, tentar Ser.... nada mais, tudo passa, tudo é silêncio, tudo morre. 

O resto éh Pretensão.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Desencanto

Se eu pudesse banhar minhas ideias, minhas palavras com melodia .... é isso que eu faria.
Do mais grave para o mais agudo, sob uma voz feminina, que minha angústia formasse uma música.

Sim, a melodia conduziria cada sentimento reprimido.
Tudo coreografado, apresentado em fundo preto, com a face feminina a contra luz.
Canta a deusa as frases que compus, qual uma paixão interrompida.
Um desejo não concluído, uma dor infinda...
Um ritmo irregular, mas bem marcado.
Sob uma harmonia que  passeia em dissonâncias.

Um canto, um desencanto...
Aplausos... vai-se mais uma noite....
E no fim tudo é silêncio.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Depressão

Quando sento pra escrever... sinto que meu peito sufoca meus delírios e palavras não saem da minha boca.
A ânsia, o desejo... ficam entaladas em meu peito....

Das memórias que eu abrigo, prefiro não lembrá-las... e as ilusões que alentei, eu tento reprimí-las.
Minha falta de talento, eu tento ocultar... a lágrima imunda, não desce de meus olhos.

Um anjo caído, um poeta sem fala, um falso profeta... assim que em me sinto...
A beira de um precipício sem chão... me ameaço com uma arma sem munição.

 Sinto tristeza mas não sei o que dizer.
Quero ajuda mas não sei onde me abrigar.
Tenho uma fé que me faz hesitar.
Não tenho mais sonhos que me façam existir.







Musa

Fico confuso.... quando ouço a música que ela toca.

É belo o som que ela produz...
Mas é o corpo dela que me seduz...

Antes ouvir a melodia ou seus gemidos? .
Porque no corpo a corpo, seus dedos tocariam a minha ânsia.
seus lábios junto aos meus, arrancariam a mais grosseira melodia.
E mil vezes seus agudos de prazer  que as notas de sua flauta eu preteria....

Mas é a música e não seus dedos que me tocam.
É só aos sons que nela eu tenho acesso.
Imagens dela, vaporosa em minha memória...
E minha loucura que expresso em poesia....





Chuva

Tem chovida pra caramba no fim do ano de 2017.
Estou nesse momento contemplando a chuva... chuva de fim de ano.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Edição

Acabei de assistir uma matéria do conexão repórter... sobre a vida do Danilo Gentilli ...e me emocionei.

Bem, como eu disse em um post anterior, muitas vezes as relações humanas nos são um pouco raras...isso no meu caso pessoal, onde o contexto de minha vida levou a isso.
Talvez alguém que teve condições diferentes da minha não entenda muito o que eu estou dizendo.
O que sobrava era apenas a televisão aberta, para eu buscar refúgio e entretenimento.
Lembrando que na época, a minha infância, já sou velho, não havia televisão a cabo, nem internet.

Se eu pudesse mudar o meu passado eu mudaria. Gostaria de ter entrado mais em contato com arte e com pessoas diferentes. Ter uma criação diferente, mais espontânea, mais ligado a arte e criatividade.
Apesar de eu ser um cara extremamente tímido e não carismático, sinto que há em mim um quê de vida e questionamento que ainda me mantém vivo.

Por isso sempre gostei de televisão e me acostumei com sua linguagem. Como não tive uma educação privilegiada, aprendi a encarar a tv como verdade absoluta e como uma obra de arte.
Na adolescência, depois de buscar outras referências e mais maduro, passei a ter um certo desprezo pela Televisão e seus clichês. E isso foi se perdurando quando a internet começou a nos proporcionar toda a forma de entretenimento possível.

Faz muito tempo que eu não assisto Tv aberta, nem a cabo... meio que abandonei aquela que criou todos os meus valores e referências... mas o bom filho a casa torna.

Estava navegando pelos vídeos do youtube e ao pular de um lado pelo outro, resolvi dar uma atenção ao vídeo do Conexão Reportér.... e vi, que aquilo de fato é uma obra de arte.

Fiz um curso de Operação de Câmera no Senac....Lapa... foram divididos em 2 estágios... o primeiro bem teórico, digo, sobre teoria da comunicação e paralelos e na segunda etapa... o curso de câmera em si.
Fui bem melhor no curso de teoria da comunicação, participava das aulas, eu tinha um conhecimento bom. Mas no curso de câmera em si, fiquei um pouco perdido... o instrutor era um boliviano meio perdido e nada didático.
Mas no meio disso, houve um curso sobre linguagem... onde um cara, um produtor daqueles arrogantes, experiente e calejado pela vida e as demandas da profissão, veio nos dar umas 4 aulas complementares.
Ele chamou um por um do curso para entrevista... como não fui o primeiro, observando, já entendi qual era  a pegada dele... ele queria intimidar....
Logo que percebi isso, fui elaborando estratégias na minha cabeça, quando ele me chamasse para conversar... e saberia como desmontar o cara, pois, confio na minha inteligência.
Ele me perguntou algumas coisas... e eu disse que a minha visão em relação a Tv era de espectador, e foi assim que me habituei com a linguagem da Tv... ele disse... que então era a visão de um leigo, e não a visão crítica... e eu disse que sim, apesar de essa linguagem ficar subentendido em mim....
Depois soltei algumas mentiras que ele acreditou e ficou tudo certo.

Sempre me emocionei com a linguagem de algumas matérias de Tv. Aquelas reportagens do Fantástico e Esporte espetacular... realmente espetaculares.
E hj, tanto tempo sem assistir... e com o espírito mais crítico, um pouco de técnica adquirida depois do curso... pude me dar conta... que o que eu vi, realmente é uma obra de arte.

Tudo é muito pensado, tudo é muito dinâmico... logo percebi a astúcia do editor, quando ele fez um breve resumo da matéria... fortes emoções me pegaram ali...
A matéria é sensacional, deve ter dado um trampo do cacete pra fazer tudo aquilo. O Cabrini, que provavelmente escreveu o roteiro e tem a habilidade de jornalista, conseguiu arrancar tudo o que queria.
Os caras realmente sabem o que fazem, desde o roteirista e principalmente os câmeras, que devem ter uma percepção aguçada para não deixar o instante escapar... tecnincamente sei o quanto é difícil e vi que os caras são mto ligeiros... tem uma habilidade que eu não possuo.
A edição éh primorosa.... os caras jogam as músicas perfeitas para florear o momento e o ritmo é alucinante.

Tudo isso éh fake, magia da tv... romantismo... mas nos pega, nos emociona.... gostaria de fazer isso, mas não sei se tenho toda essa habilidade...
Isso me fez lembrar de um vídeo que eu fiz aqui de um parque da minha cidade... onde eu editei de forma dinâmica, preparei algumas entrevistas... e intuitivamente, segui a fórmula da tv.. para dar um toque de emoção no final.. é um vídeo do qual eu me orgulho...
Principalmente a música que dá o tom....e o dinamismo....
é um prazer fazer tudo isso....

Penso no compositor que consegue fazer da música uma expressão tão fascinante... a habilidade do editor de colocá-las no momento certo...
Isso me fascina...

Cada poema que escrevi, cada tudo o que quis absorver de arte... faz parte dessa narrativa da vida....
A televisão pode ser sim uma arte... me emocionei como há tempos não havia...

E após terminar o vídeo estou aqui aplaudindo de pé....

Amanhã...a realidade bate em nossas portas....

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Se eu pudesse

Preciso diminuir o café
E aumentar o amor próprio.

Simulação

Tenho dois blogs anônimos. Esse aqui e um outro.

No outro eu falo mais sobre acontecimentos pessoais, dos quais eu não gostaria de compartilhar. Aqui, sei que uma ou outra pessoa pode ler o que está escrito. Já no outro, tenho a quase certeza que ninguém lê.

Dei uma stalkeada em uma menina que começou a frequentar o grupo que frequento todos os domingos. Ela parece ser bem nova, gosta de escrever tbém...
Acho louvável e interessante, mas sinto que falta algo a mais nos textos dela. Um quê de naturalidade e maturidade.

É que eu fui reler meus textos de outro blog... e achei eles bem mais espontâneos que aqui e bem mais descritivos. E me impressionei com a forma que eu me expressei, alguns momentos pontuais de minha vida. Fiz um paralelo com os textos da menina que falei... e senti que havia mais profundidade no que eu escrevia... Talvez a maturidade que ela precise, venha com o tempo.
O que a maturidade traz é a objetividade. A sinceridade no dizer...
Eu sei quando o que eu escrevo é autêntico e o que é encher linguiça ou querer impressionar... quando mais o tempo passa, menos vc quer impressionar... por isso que sei, que são poucos os textos que escrevo que realmente estão em sintonia com o que de fato sinto, ou experiencio.
A maioria das coisas que eu vivo é simulação.


Angústia

Mágoas escondidas
Espectativas não realizadas
Autoengano,
Autodesconhecimento,
Ansiedade

Falsas esperanças
Traumas de infância
Aleatoriedade

Sentimento de impotência
Solidão e carência
Falta de resiliência

Coração infantil
Repressão, depressão
E angústia no coração.

sábado, 4 de novembro de 2017

Sinto

Raramente sinto,

Que cada som eh uma nota e que cada momento é um milagre,
No caos os sons aleatórios tocam uma sinfonia...

Sinto que envelheço e que morro... sinto que a esperança morre e surge a simplicidade.
Mas volto a ser e a sentir a angústia, que me tira da realidade.

E torno-me de volta um ignorante.

domingo, 15 de outubro de 2017

A compaixão

Dando seguimento a postagem anterior. Vc deve ler a postagem anterior pra entender essa.

Bem, terminando de escrever essa postagem, fiquei curioso em revisitar o passado.
Digitei no meu e-mail o nome da tal menina que eu citei anteriormente. Sinto que ainda havia algo engasgado dentro de mim e queria revisitar, por pura falta do que fazer... e a sensação de carência é claro.

Dae eu fiz a busca e o yahoo localizou os últimos e-mails que trocamos. Comecei a ler o e-mail onde de fato essa menina abriu o coração, talvez na esperança de eu lhe dar a carta de misericórdia e podermos nos conhecer.. mas eu pulei fora, logo que eu vi as fotos dela, na época... pois, estava na defensiva foda e tbém, a única coisa que me interessava era saber a verdade e nada mais, para não haver feridas... a porra toda já estava descarrilhado... foi uma atitude sábia a minha, não me recrimino.

Mas ae... havia as fotos dela anexadas, fotos das quais eu não lembrava... e resolvi baixar no computador aqui para rever como era a dita cuja...
Assim... ela é gordinha.. mas tem um rosto bonito... foi assim que ela me fisgou com suas mentiras, ela só postava fotinha de rosto.

Quando eu reli o e-mail dela, senti hj, que havia sinceridade no que dizia... ela estava expondo as fragilidades..mas como, eu estava na defensiva foda... não dei bola...

Agora nesse exato momento, quando abri as fotos dela... me deu vontade de chorar... e chorei, não segurei ..
Senti compaixão por ela...

Quando desceram as lágrimas... senti que cuspi pra fora toda a angústia que estou sentindo no momento. Liberei mais uma história do passado.

Que ela seja feliz.

sábado, 14 de outubro de 2017

Dos loucos da internet

Emendando mais uma postagem sobre internet e carência.

Teve uma época que eu estava muito depressivo e minha alternativa de ter contato com outro ser humano era estritamente virtual. Não saia de casa para nada e nunca... queria me suicidar.
Na época do orkut, eu entrava em comunidades sobre depressivos e suicidas e trocava experiências.
Fico pensando... dos loucos eu era o mais são.

É estranho esse mundo virtual e de como as pessoas conseguem criar personagens, acreditar em suas próprias mentiras... carentes em busca de esconder suas fragilidades, se fazer de importante num mundo obscuro...
Minha atitude sempre foi de ser o mais transparente possível.
Não escondia nada. Expunha todas as minhas fragilidades, o que de certa forma me deixou muitas feridas. Fazia isso pq sempre parti de um pressuposto de um contato real. E para um contato real, não poderia haver expectativas erradas, nem mentiras. Porque eu tinha a esperança de que realmente eu pudesse estabelecer contato humano com aquela outra pessoa.. e isso era o que eu mais queria.

Por mais depressivo que eu estava, mais perto da loucura.. ainda acho que mantinha minha sanidade.
Muito estranho isso...

O que não ocorreu com algumas pessoas com as quais eu me correspondia.

Conheci uma menina que se passou por outra... ela criou todo um personagem. Achava ela meio sem sal, mas era o que tinha na época. Se ela era sem sal, pelo menos na foto ela tinha boa aparência e era isso que mantinha conectado com ela.
Acreditei nela até o fim... mas sofri muito... pq eu queria saber mais da vida dela...
Ela me dizia que tbém tinha depressão... mas sem motivo aparente. E que ela estava cansada de se relacionar com as pessoas no mundo real, pq era tudo aparência... e que as pessoas, os homens, só se aproximavam dela por acharem ela bonita. E eu caí nessa lorota toda.
Geralmente ela não deixava me aproximar muito de suas informações. Até que um dia ela simplesmente disse que iria sumir da internet para repensar em sua vida, que aquilo não estava sendo saudável... e sumiu.

Três anos depois, ela me escreve dizendo que queria conversar. Eu estava possesso da vida... mas era hora de descobrir toda a verdade em relação a ela.
Me fiz de total compreensível, cheio de dedos... e respondi o e-mail. Muito provavelmente, bateu uma carência nela..ela lembrou dos contatos antigos e resolveu reescrever.
Como ela demorou pra escrever... eu pensei que mais uma vez, fui feito de otário.
Mandei um e-mail desabafando, super agressivo e frustrado, dizendo que ela era uma mentirosa e manipuladora etc...
Dae ela me respondeu me pedindo desculpas, que ela tinha demorado pra me escrever pq estava sem tempo. Mas que eu fiz acusações injusta em relação a ela, pois, ela não havia me enganado em nada e ela era a pessoa mais boa do universo....
Senti a sensação que ela acreditava no que falava.

Até que eu respondi novamente enumerando algumas de suas mentiras, ligando informações das quais ela não tinha como refutar... e mais, ela me respondeu que eu era um manipulador tbém... respondi dizendo que sim, ela tinha total razão... mas a diferença de nós dois, era que eu realmente assumia essa postura... ela se fazia de inocente, sei lá...

Foi então que ela abriu o jogo... Era uma gordinha complexada... tinha medo de mandar a real no virtual, pois, provavelmente ninguém dava atenção... isso é verdade, eu não daria atenção pra ela, se a visse como é... não por ela ser gorda, mas por ela ser uma sem sal, sem graça.
Mandou a foto dela... e eu acabei ficando puto... e saí pela tangente... mas no final, descobri quem ela era verdadeiramente e poderia morrer tranquilo.. hehehehe

Aonde quero chegar é isso.... apesar de eu estar beirando a loucura, nunca menti... nem usei a internet para fazer uma persona... continuei sendo eu mesmo... mas não são assim que as coisas são para com essas pessoas.
Creio que elas acabam sucumbindo... e acho isso doentio.. não que eu não seja doentio, mas o meu doentio é dentro de uma sanidade...
Acho muito louco esse lance de conseguir atenção de alguém a qualquer preço... pelo menos, ainda não sou assim. Fico sozinho beirando a insanidade, mas ainda honesto comigo mesmo.



Quando vc se sente só

Quando vc se sente só é embaçado.
Mais uma madrugada onde a bad bate novamente.
Curiosamente, uma bad e um sentimento de carência, ao mesmo tempo, um sentimento de transformação. Sensação de cuspir a angustia tanto tempo entalada no peito

Quando bate essas bads, eu tenho o impulso de entrar no Facebook e rever postagens antigas, de pessoas que passaram. As mulheres que passaram e que nada rolou.

Existia uma plataforma chamada gengibre, era por volta de 2005 por ae. Era uma rede social onde vc poderia fazer postagens em voz e compartilhar ideias em áudio. Parece estranho, ficou datado mesmo. Mas na época parecia a revolução.
Conheci a plataforma quando ela estava entrando em decadência. E havia um perfil de uma menina que recitava textos e poemas de autoria própria.
Caraca, os textos eram arrebatadores. Foi a pessoa mais talentosa e mais inteligente que havia tomado contato. Ela parecia bem excêntrica e até um pouco agressiva... mas sua voz, era de uma menininha doce.... mó contraste.

Eu estava carentão nessa época e então, ouvi todos os textos possíveis dela. Pensei em mandar uma mensagem privada, o que equivaleria ao inbox de hj, para dar uma tietada nela. Fiquei intimidado, pois, tamanha era sua inteligência e sarcasmo... o que eu teria de importante pra falar com ela?

Passou muitos anos... e o gengibre saiu fora do ar, sem anúncio prévio... quando entrei para ouvir as postagens dela... não havia como... mas eu sabia o site e onde conseguir um e-mail... e entrei em contato perguntando se ela tinha o backup dos áudios.... dizendo que eu gostava particularmente dos textos que ela escrevia referente a um personagem que eu me identificava muito.

Ela me respondeu e aos poucos fomos estabelecendo uma conexão. No príncipio como era de se imaginar,... ela me tratou com um certo desdém... dizendo apenas que estava se correspondendo comigo por causa da minha identidade com o personagem que ela criou.
Depois de muito tempo, nos conectamos no WhatsZap... e ela viu que eu era japa... e ela tinha uma grande queda por japas.
Foi ae então que o jogo virou e ela passou a me dar uma moral que antes não havia.

Ela chegou até a escrever dois contos pra mim, inspirados nas postagens que eu fazia no Face... sim, de fato eu era muito parecido com o personagem. Ela fazia isso pq sim, havia um interesse sexual.
Minha admiração em relação a ela sempre foi intelectual, não carnal... mas era pra ser platônico.
De vez em quando de zoeira eu falava que iria viajar para conhecê-la, e ela demonstrava um certo receio, porque ainda estava de caso com um outro cara.. se eu fosse, a gente iria provavelmente transar loucamente por dias... e ela não queria.
Mas ao mesmo tempo, nas poucas vezes que conversávamos... ela me dava umas indiretas sinistras... Dava pra perceber que realmente havia interesse.
Sempre interagimos como amigos... até que faz pouco tempo, ela parou de me responder...
Está namorando um outro cara... meio que me excluiu de sua vida.

Não fiquei chateado... mas agora que estou meio carente, confesso que ao lembrar disso, fico um pouco triste. No momento, fui tentar buscar um texto dela que ela escreveu mas não estou achando.
Achei alguns áudios e resolvi ouvir. Ela é brilhante... uma pena ela fazer pouco caso do seu talento literário e os textos dos quais eu falei, não serem publicados.

Enfim, fica aqui um registro de alguém que atravessou  a minha vida.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Doce Primavera

Caem sobre a estátua
de um anjo de marfim
As pétalas das flores
Do meu singelo jardim

Na  doce primavera,
Goza a flor que os teus lábios tocam.
Bate o vento donde tuas asas planam

Sob o seio onde lábios profanam
Sob o pranto de um olho insano
Meu anjo vaporoso
Dilua-se ao vento,
Da doce primavera...

Abrem as flores,
Abrem as tuas asas
E fecha o meu coração
Quero o fim de devaneios
Ao prelúdio do verão

Doce primavera
Anjo de Marfim
Olhos de jade
Perfume de jasmim

Doce primavera
Anjo impudente
Coração bondoso
De seios tão frementes
Doce primavera
Anjo de Marfim
Voa sobre mim
Branca como as nuvens
Ilusão sem fim






quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Se o sol não nascer

Se o sol não nascer,  haverão outros brilhando por aí?
Paciência é se acostumar com a escuridão
Enquanto não chega o tempo de colheita

Não sei se plantar esperança é iludir-se 
Não sei o que fazer para que hajam frutos,
Sigo pelo caminho que acredito
sem tantas certezas
A terra em que me encontro é aridez. 

"Não é claro que o sol vai voltar amanhã
A escuridão me enlouqueceu mais
uma vez"

Doce melancolia de um por do sol primaveril
Mais uma estação para sobreviver,
A contra luz do arrebol

Que as rosas floresçam novamente, é primavera
Regados a beijos, que os casais sejam felizes.
Vou passar esse tempo recolhido
Sem rosas para oferecer,
Só meu sorriso se ele enfim abrir do coração
Se houverem braços para me acolher.










O passado e seus episódios

Estou assistindo Gilmore Girls na Netflix. Não é a série nova, mas a antiga, quando eu assistia nas madrugadas do SBT, tempos atrás.
Sempre gosto de assistir séries que eu assistia quando adolescente,  para contemplar qual o motivo de a série ter me fisgado.
Apesar de Gilmore Girls ser uma série para menininhas, não sei pq eu adorava.
O único sentido é pq eu era apaixonado pela a menininha e sua mãe, dois anjos de olhos azuis e personagens com senso de humor, sem apelação forte para sexualidade.  Aí, neguim se apaixona néh. Ficcão é foda.

O que acontece é que eu estava mais ou menos com 17 ou 16 anos... sem perspectiva de nada na vida. Não que hj seja diferente.
Mas sabe, a situação em que eu me encontrava era de total aleatoriedade. Num contexto de vida que eu estava totalmente perdido.
Passei por algumas situações ruins e estava passando por situações difíceis de lidar. E não sabia onde pedir ajuda ou recorrer, onde eu encontraria um espaço para refletir. Foi nessa época que eu comecei a ler mais e tbém a  frequentar um centro espírita, estudar e buscar respostas para vida.

Passei minha adolescência em branco, sem me descobrir e sem viver boas experiências. Foi uma época onde eu me fechei no meu casulo, não tinha amigos, já havia desistido de tudo. Não posso dizer se isso foi uma escolha... não é bem assim q as coisas funcionam, quando vc vive num ambiente rodeado por pessoas com problemas, perturbadas e opressivas. Vc não sabe o que fazer, e quando tenta escapar, vc é altamente punido e reprimido. Parece uma prisão que não há saída.

Esse é o contexto... e então, no meio da loucura toda.... Todas as madrugadas do SBT passavam seriados. E na quinta de noite, tinha Gilmore Girls.
Fiz todo esse panorama para não parecer doente... Mas esse era o único momento em que eu sentia um pouco de alegria na minha vida, entende? Vc passa a se envolver com as histórias e personagens, pois, a vida real não funciona como esse conto de fadas.
Era uma coisa louca, pq eu esperava ansiosamente toda quinta, para poder assistir essa série e ter a sensação de alívio... o pior é q a série não começava pontualmente, eu tinha que ficar esperando o horário...
Achei triste contemplar isso. Quando vc é largado na vida e ninguém te cuida, só sobra a TV para te acolher. E era isso o que acontecia comigo, desde muito criança. Vc está entregue a todo o lixo, alvo para toda a exploração... o entretenimento geralmente vai te pegar em suas carências. E vc se torna alvo fácil da publicidade.

Estou assistindo os episódios novamente, todos os dias. E tem sido muito legal rever... eu gosto dessa série... e é bom retomar contato com algo, que foi uma vez, em momentos difíceis, seu único refúgio.
Achei muito doida essa reflexão. Quando eu vi a série na netflix e comecei a assistir, começou a vir todas essas memórias na minha cabeça.







domingo, 24 de setembro de 2017

Angústia

Se eu fosse definir angústia... eu definira como uma tensão no meio de peito. Uma vontade de chorar que não se concretiza. Ansiedade de não saber o que. Mágoa presa e passado denso. Angústia é ar trancado.


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Musa inspiradora

Percebo que nos últimos  meses desse ano, tenho escrito mais por aqui. Uso esse blog como uma espécie de terapia. Em todo caso, é interessante vc colocar suas memórias e ideias no papel.
Principalmente eu que sou uma pessoa cheio de dificuldades de encarar relações reais, encarar a vida real.
Como contemplei na última postagem... eu revi alguns textos que escrevi, que estavam perdidos num computador antigo... e me surpreendi com a forma que consegui passar para o papel algumas de minhas reflexões. Por mais que minha percepção tenha se aguçado... parece que apenas lendo os escritos, eu continuo com a mesma forma de inteligência... mas hj eu me sinto mais amplo, com novas ideias... talvez elas estejam subentendidas dentro de mim, se não tem como expô-las, elas não aparecem.

Peguei um papel em branco e um lápis e tentei escrever um poema. Nenhum tema circulou pela minha mente. Peguei um livro do Alvares de Azevedo, Lira dos Vinte anos e li alguns versos para tirar inspiração. Fato é que as poesias dele me perturbam, pois, ele foi um cara que morreu aos 21 anos, supostamente virgem. Suas poesias deixam claro essa febre pelo desejo sexual não satisfeito.

Estranho pegar o livro dele para tentar me inspirar.
Eu precisava era de uma musa inspiradora. Puxo na memória algumas mulheres que eu poderia usar como modelo. Mas todas que eu lembro, mal toquei os lábios, foram relações platônicas. Eu poderia escrever sobre esse platonismo, fantasiar e tal... mas faz tempo que eu não escrevo, faz tempo que eu não leio... e eu mudei tanto, não sou mais de exaltar essas coisas, embora quisesse. Acho que agora eu preciso éh da vivência real e quiçá um dia transformar em versos. Eu preciso de uma musa inspiradora.
Isso não vai rolar tão cedo... então vou ter que ficar nos poemas como uma forma de catarse.. tal qual o Byron Brasileiro. Nosso querido Maneco, como era mais conhecido.

Preciso de uma musa, não pra me inspirar. Mas para eu transpirar... por cada beijo, por cada coito, por cada poro. Vale muito mais do que qualquer verso ou poema.

Meu interesse em poesia, foi numa época que eu queria desenvolver minha sensibilidade. Pensava que sendo mais sensível, eu me aproximaria mais das meninas...  engano meu.
No fundo o mais necessário era sair em busca de sucesso financeiro e ter um carro. Um carro vale mais que mil palavras... não estou fazendo uma crítica, é só uma constatação

Lembrei que quando eu escrevia, ou comecei a escrever. Minha escola lançou um livro de poemas, compilado de alunos. Não sei por qual motivo, nem fiquei sabendo da existência desse livro antes de ser publicado. Provavelmente quem era da turma de Elo, não foi requisitado para enviar o poema para ser selecionado.
Eu tinha um ótimo na manga, mas não tive oportunidade. Fiquei chateado, ele iria certamente dar um baile em todos os poemas que estavam ali... eles eram bem fraquinhos... mas ia ser ao mesmo tempo, metafórico... pois um dos poemas selecionados ali, era de uma pessoa da qual meu poema foi inspirado. 
Mas não me lembro quando esse poemas surgiu ou se ele já fora escrito. Enfim, fato é que eu já escrevia, e tinha até uns poemas legais em meu caderno.
Queimei todos, joguei fora.. uma pena.. .por mais ruins que fossem, a gente nunca começa perfeito.
A imperfeição é a base do desenvolvimento. A humildade uma forma de crescimento.



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Mente Poluída

Falando em lembranças...

Separei uma foto de turma antiga da escola... Na época havia um fotógrafo que tirava as fotos da turma e fazia um pequeno álbum. Incrível como eu lembro de algumas pessoas. E de algumas pessoas que eu não sei o nome, mas me lembro quem era. E pessoas que eu lembro o nome e histórias relacionadas a elas.
Tem até a foto do tal do Ramos, que eu fiz desmaiar no duelo de educação física.
O pessoal era bem arrumadinho.... e eu claro, todo mulambento. Continuo largado, um dia eu tomo jeito na vida. Mas na época, era descuido dos meus pais mesmo. Era um largado na vida.
Em todas as fotos, eu estou com a camisa com gola desajeitada e cabelo para cortar. Assim estou hj, nesse exato momento....

Tem umas histórias que eu lembro que são hilárias, mas não vou registrar aqui.

Mas o que me passou na minha mente poluída...

Tem uma mocinha de óculos fundo de garrafa, sobrancelhas grossas, mas cabelos lisos. Na época ela sentava na minha frente, na primeira carteira da segunda fileira... Ela era palmeirense e eu tbém, era a época de ouro do Palmeiras, onde ele acabara de fazer pareceria com a Parmalat...
Eu dava as informações do Palmeiras pra ela tudo errado...
Achava ela bem feiosinha.. pois ela tinha aquela carinha de nerd. Mas na foto a constituição física dela está ok .

Aí eu pensei.. mano, hj essa mina toda arrumadinha... deve estar mó gostosinha...kkkkk
Realmente estou vendo um potencial... na época, quando a gente é criança, só vemos as mais bonitinhas e ignoramos o resto... é que os hormônios não afloraram ... tipo vc cresce, e nem liga tanto... o lance é dar uns pegas e pronto.

Enfim, eu sou um mente poluída.

Sobre registros escritos

Peguei um computador antigo. Acho que tenho ele desde 2010. Resolvi ligá-lo para vasculhar o que tinha lá dentro.

Foi esse computador que foi meu companheiro durante uma crise depressiva grave. Nessa época não havia muito entretenimento e informação válida na internet como há hj. O Youtube ainda capengava, dava aquelas travadinhas. Eu usava ele pra assistir mais dvds, estudar um pouco e escrever textos.

Foi legal rever uns textos e umas fotos perdidas ali. Escrevi um texto sobre como conheci pessoas na época... isso mais tarde, foi em 2012. Nossa faz cinco anos mas pareceu uma eternidade.
Fiquei um pouco emocionado em rever algumas memórias, minhas inseguranças e tal.

Depois eu li um texto onde eu falava um pouco sobre o que eu pensava sobre música. E fiquei impressionado com a reflexão que eu fiz. Estava bem estruturada e clara. Não sei como isso foi possível. Aliás, todos os textos que havia ali, estavam bem escritos.
Esperava textos mais caóticos... porque naquela época eu estava  realmente mal. A pondo de enlouquecer.

Estou com a impressão que regredi. Os textos que tenho escrito aqui, estão bem mal escritos e desorganizados. Não passam nem perto de como eu escrevia.
Mesmo hj, me sentindo melhor.... eu tenho a sensação que regredi, não que evolui.

Em todo caso, aqui há registros de etapas da minha vida, que daqui uns 10 anos, se eu reler, possa ter algum valor. E eu poderei contemplar como era antes. O quanto mudei e tal. Isso é  bem interessante...Vc se distancia de si mesmo por uns anos e se revisita ....

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Madruagada

Nesta madrugada solitária...

O silêncio permeia o ruído da geladeira. Ou o ruído da geladeira permeia o silêncio?

Ouço a música introspectiva de um conhecido... uma massa sonora, uma textura etérea, não sei dizer.
Som de uma guitarra, notas angustiadas... notas não tem cheiro, notas não tem sabor... mas enfim, mesmo assim notas causam sensações.

Meu coração por um instante sente fluir... as tensões de meu peito me dão uma trégua... Quando perdi a autonomia de mim mesmo?
Mas nesse alívio ainda há uma sede... só pode ser sede por afeto... sede por um toque... sede por tez e fluidos. Sede pelo calor de um corpo... sede de orgasmo..
Mas sede não seria apenas por água ou líquidos?

As memórias de corpos femininos permeiam o espaço vazio de minhas lembranças..
Sexo sem carinho e compromisso, vividos intensamente vazios...
Satisfação por sede... Ruído... sensações...Tensão e relaxamento... busca sem fim.



terça-feira, 22 de agosto de 2017

A turma do Rock

Existia apenas uma coisa que eu era interessado na minha adolescência.
Era vídeo-game.

Meu âmbito social era bem restrito. Eu não tinha contato com pessoas artísticas, nem pessoas que tinham algum interesse por artes.

Quando eu tinha 13 anos, via um cara com camisa de bandas e se vestia todo de preto. Fiquei interessado no estilo, eu era uma pessoa triste e deprimida, aquilo poderia ser uma maneira de se expressar.
Depois fiquei sabendo que para ter a honra de vestir uma camisa de banda, vc tem de conhecer sobre o estilo, no caso Heavy Metal... então eu comecei a me interessar por Heavy mais para poder fazer parte de um grupo, do que gostar do som propriamente.

Aos 16 eu pela primeira vez, me aproximei de dois caras que curtiam Heavy... mas eram desses retardados, que só papagaiavam.
Aos 17 quando estudei a noite, eu de fato conheci um cara que curtia Heavy Metal mas não era acéfalo. E isso mudou minha maneira de encarar o mundo. Foi a semente do ´pensar diferente´.

Ele gostava de poesia e se interessava por literatura. Nessa época eu já curtia Augusto dos Anjos e estava tentando entender melhor a literatura, porque eu estava em busca de referências literárias para ter a capacidade de escrever meus próprios poemas.
Ele lia Castanheda e leu as Portas da Percepção de Aldous Huxley... e eu  depois viria a conhecer então o livro... Admirável Mundo Novo.
Não só isso, criei um pouco da percepção de entender as músicas que eu estava ouvindo. Pensar nas coisas de maneira mais crítica. Sim, o Rock trouxe um pouco disso.

Eu sentia que faltava mais... pois, aquele universo, apesar de um pouco subversivo... era uma galhofa vazia. No fundo, é isso que eu penso dos fanáticos por Heavy hj. As letras, as músicas são esteriotipadas e fantasiosas, aquilo não pode ser levado a sério.
Hj esse meu colega que tanto foi subversivo... é o famoso Pai de família e Evangélico... cara, não pude acreditar que ele se enquadradou tanto assim. Nada contra, toda escolha é legítima. O que me chocou foi a mudança tão brusca de comportamento.
Minha inquietude continua solitária... eu e meus estudos, minhas meditações, minhas escritas vazias aqui nesse blog.




Projeções

Ela é tão linda e inteligente...

Fico perturbado... quero ela ao meu lado...
Mas não deveria ser perturbação.... Deveria ser amor...
E se amor é deixar ir... não é querer
Se é querer, não é amor...é projeção, é ilusão...
Se é ilusão, é no fim, desilusão...
E se é desilusão... é dor.

No fim, se ela é inteligente e tão linda... São qualidades dela, não minhas.
Se não são minhas jamais pertenceriam a mim.
Quão egoísta eu seria em ter isso só pra mim...
Porque sou tão criança ainda.

Seja feliz, espalhe seu talento...vc pertence ao mundo!

Assim, eu tento libertar o meu desejo!

sábado, 19 de agosto de 2017

Contemplando a sede

A vida de alguém sozinho é cheio de esperanças vazias.

Sem querer caí em vídeos antigos.... onde me encantei com pessoas, com artistas...
Agora contemplo que aquela admiração muda de pessoa, mas não muda dentro de ti mesmo.

Sabe, a admiração passa. As paixões passam. Se diluem no tempo.

Fortes emoções não são um guia confiável. Nossas palavras e impressões tbém não o são. São prisões.

Se era tudo, se era perfeito... porque não continua sendo? Simplesmente porque havia engano em nossos olhos... ou melhor, em nosso sentir.
Até que olhamos para o lado buscando alguém que irá nos preencher. Aquela pessoa, que é o upgrade da anterior. Até a paixão e as emoções se estourarem e nos cegar de novo. E se diluir de novo.
Ficam as lágrimas da relação... era paixão, forte emoção, prazer... mas de fato não era amor.

Agora aos poucos vou entendendo que amor é renúncia, é largar mão. É deixar ir. Um lugar sem expectativas nem medos, apenas um fluir.
De fato nós humanos não sabemos amar.

Contemplo isso hj, com tristeza nos olhos e  alegria no coração.


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Impressões do Japão

Esse é um texto que minha mãe achou no meio da bagunça da mudança. Acredito que ele foi escrito por volta de 2007, infelizmente não tenho o hábito de datar as coisas que eu escrevo.
Achei ele bem autêntico do que eu sentia na época... enfim, sem mais delongas...

...

Crônica, resumo de impressões do Japão.

Quando entrei no avião, saberia o destino, mas não o rumo que tomaria a minha vida. Inocente, meus olhos tentavam abafar o medo que havia em meu coração. Mas se havia o medo, eu sabia que uma coisa chamada esperança brotava dentro de mim, como uma semente que ainda espera o seu momento de despertar. E esperava que ela abrisse uma flor chamada dignidade, algo que ainda tenho que fazer abrir, pois sinto que suas pétalas estão sem cor e sem perfume.

Era noite e São Paulo ficou pequeno, as pessoas ficaram pequenas; minha alma se engrandeceu. Da janela do avião, as luzes dos carros iam se misturando com as das casas, que se misturavam com as dos prédios, que se misturavam com as das ruas e aquele meu país que eu deixava parecia uma constelação que foi ficando inócua, sumindo dos meus olhos.
Vinte quatro horas de voo esgota qualquer um. No pouso, Japão se mostrava como era realmente. Sombrio.

Então, após pegar um trem bala e um trem que atravessava o mar, para a ilha de Shikoku, chegamos em que seria nosso provisório lar.
Um lugar pequeno, minúsculo, ainda com o privilégio de ter duas camas adaptadas para brasileiros. Foi numa delas que pude cair na realidade e deixar meus prantos descerem: Que é que eu estou fazendo aqui?

A insegurança de não falar a língua, de não saber se comportar numa loja, não conhecer nada e ninguém,  são certamente as coisas que mais apertam no coração de um recém estrangeiro.
Sei que nos primeiros dias de trabalho as horas não passam e as pernas doem. É preciso se adaptar.
Quanto as dificuldades, você se acostuma e aprende a lidar. E quando menos percebi, estava em outro emprego.
Iria atravessar aquela ponte de novo e pude conhecer ume província onde há a maior concentração de imigrantes brasileiros. Toyohashi.
Que foi uma espécie de alento, pois em parte aquele lugar tinha ares de Brasil, produtos, lojas especializadas e pessoas falando em português nas ruas. Porém foi só uma passagem, porque na verdade eu ia me estabelecer em Saitama.

Inverno rigoroso dói. Carregar o peso do serviço e aspirar o pó do galpão. As dores do corpo se atenuaram quando o inverno terminou. Quatro meses demoraram para meu corpo se acostumar, o serviço era pesado e os meus músculos se enrijeceram.
Senti-me fortalecido não só no corpo, também na fé. Alguns livros que mudariam minha vida, conheci nessa estadia. Todas as noites, mesmo cansado, era eles que eu buscava, sentido, força e conforto.

Saber que algumas pessoas estão longe, que as cartas demoram a chegar, porque o Brasil está longe. Então você percebe que seu país é que é o seu lar e se arrepende de tudo o que vc falou mal dele. Apesar dos problemas, eles são encaráveis e estar nos seu país natal é incomparável. E voltar pra ele parece um sonho.

Foi assim que pude sorver e entender cada verso da "Canção do Exílio"... "Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá, minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá".
E por fim, quando as lágrimas correm, você não as controla. Os soluços te sufocam por algum tempo, mas depois a alma fica mais leve.

Tanto trabalho e pouco passeio. Mas o pouco vale muito e parece ter mais importância que o dinheiro. Ver o sol nascer no topo do famoso Monte Fuji. Esse é o mecanismo da vida. A cosquista é árdua, a subida é longa e a recompensa é curta.

Nas quinta-feiras eu ia fazer aula de violão clássico com um professor japonês. Era tudo o que eu queria e apareceu essa oportunidade.
Dentro do possível eu tentava ser um bom aluno, mas sem sucesso.  Esse laço durou pouco. Duraram pouco também as notas que eu tocava com toda a minha falsa esperança e sonho.
Na despedida ele falou para eu seguir em frente. Torceria por mim.

Ouvi isso tbém de uma das mulheres da firma onde eu trabalhava, amigas da minha mãe. (trabalhávamos no mesmo lugar). Sim, aprendi que os japoneses tbém são afetuosos, mas é do jeito deles, discretos.
Nas últimas semanas nos levaram pra passear, fizeram essa questão. Tenho a impressão que conquistamos o coração delas. Mesmo sem falar japonês ... no cotidiano, nos comunicamos com nossas atitudes.
Elas me diziam que eu já tinha passado pela prova de fogo. Já que tinha enfretado tal serviço, conseguiria enfrentar qualquer coisa. Estariam torcendo por mim, algumas até me compraram presentes. Mas eu sabia que eu tinha de enfrentar na volta, a minha alma, a minha perdida vida...
Você pode cruzar o mundo, mas carrega o peso de suas memórias aonde quer que vá.

Nem acreditei quando eu entrei no avião de volta. Duas pessoas nos acompanharam até o aeroporto. Meu primo e um colega. Ressalto que também nos ajudaram  muito. É fácil pra quem vai e difícil pra quem fica. Lembro quando via alguns brasileiros se preparando para voltar para o Brasil e eu sentia que a minha hora de partir jamais chegaria. Na verdade estávamos retornando dois anos antes do previsto.

Japão também virou luzes. Ficou pequeno também. Ali deixei pedaços de minha angústia. E descobri que não era o mesmo.

Vinte e quatro horas de voo, com a diferença de ser menos penoso.

- Em quinze minutos estaremos pousando. Vinte e cinco graus em Guarulhos, o tempo está nublado.

Soltei um riso suave. Tem de ser suave, senão o coração dói. O avião pousou e era o meu país. Meu olhar brilhou como nunca. Enfim cheguei depois de um ano e cinco meses que pareceram uma vida inteira. Meu povo, minha terra!

Na saída, um grupo de comissárias de bordo que se preparavam para a outra viajem sorriam e diziam o bom dia cotidiano. Primeira palavra que ouvi ao retornar ao meu país. Quebrei meu bloqueio e timidez e de coração respondi: Bom dia!

(é um novo dia! é uma nova vida!)

sábado, 12 de agosto de 2017

Ouça

Não é a harmonia, não é a melodia, não  é o ritmo .

São só suas memórias te envolvendo. São sensações que estão cantando. É seu coração pulsando.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Quebrando a cara bonito

Isso é um pedido de desculpa em relação ao texto que escrevi, que chama Antes dos Olhos Verdes.
Nesse texto eu cito uma Vlogueira de livros, da qual via Youtube eu fiz uma pergunta sobre o seu exemplar e se ela tinha um conto que saiu de circulação das edições atuais. Ela não me respondeu.

Não que eu tenha ficado bravo ou magoadinho por isso... sei q talvez ela nem leu meu comentário ou leu e tbém não quis responder.
O lance de chama-la de canalha, foi só uma forma de me aproximar do estilo da Lygia e seus personagens, mas ali não tinha nenhum ressentimento nem nada pessoal.

Hj ela fez uma postagem no Facebook pedindo pergunta paa ela responder em vídeo. Bom, pensei, vou tentar de novo, não custa néh.
Eis que a bonitinha me responde, me enviando o conto!!! Tipo, ela se deu ao trabalho de Scannear página por página e me enviou. Pronto, me apaixonei....sem palavras, me senti acolhido.
Acho essa menina um docinho, por ela ser mega inteligente me deixa mais caidinho. Fato éh que eu não acompanho mais os vídeos dela, pra não ficar babando, porque ela me atormenta.

Enfim, aqui éh só um pedido de desculpa. Vou manter o texto, pois como disse... éh um texto com pinceladas de ficção. E ter chamado ela de canalha, éh para aproximar dos personagens e estilo da Lygia.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Antes dos Olhos Verdes

Antes do Baile verde é um livro de contos de Lygia Fagundes Telles, escritora da qual eu gosto muito.
Os contos são muito interessantes, sempre fazem referência ao verde e muitas vezes se autorreferenciam.

Quando penso em verde, penso em olhos e penso em jade. Jade é a pedra que me chamou mais atenção, quando eu fui em uma exposição cultural da China. E olhos verdes, foram os olhos de uma menina que se sentou ao meu lado, quando eu tinha 16 anos.

A exposição da China era sobre os Guerreiros de Xian. Mas o que me chamou atenção nessa exposição foi um dragão esculpido em jade... Era de um verde muito marcante. Era um verde que me fazia lembrar de seus olhos. 

Essa menina rompeu o meu cotidiano... todos os dias eu pegava o mesmo ônibus durante 1 ano e meio..E nesse um ano e meio os passageiros eram sempre os mesmos. Dentro disso só a minha tristeza não era passageira.
O motorista era um cara frio e amargo que dava freadas bruscas... seu estado de espírito se refletia no modo como ele guiava....quantas vezes não caí, pego no contrapé de suas barberagens.

Era uma época onde eu me sentia preso sem entender o que se passava comigo... todas os lugares que eu frequentava tinham ares de repressão. A escola, o esporte que era obrigado a fazer e o meu próprio lar.
Quando vc não sabe lidar com a situação, ou vc procura uma solução, ou vc se anula. Sem saber o que fazer, eu me anulei.

Foi quando ela entrou...usava o mesmo uniforme que o meu.
Olhei de maneira discreta...aquilo era uma garota ou era um anjo?
Entrou a passos lentos, como que reconhecendo o território. Respirei fundo e suspirei, meu peito trancado não permitiu que entrasse ar. Alegria ou perturbação? ou os dois?

O ônibus acabara de esvaziar... muitos bancos vagos. Eis que ela se senta ao meu lado.

No ano anterior eu tive uma boa temporada. Praticamente ganhei todos os campeonatos possíveis. Porém aquilo não tinha valor algum para mim. Trocaria todas as vitórias por um lapso de consciência. O ritmo forte dos treinos, trocaria pelo balanço de uma música alegre

Infelizmente o exemplar do livro Antes do Baile Verde que eu tinha, que era antigaço, comprado num sebo, emprestei para um amigo que não irá me devolver. Lá tinha o conto Olho de Vidro, um conto que não se encontra mais  nas edições atuais.  De alguma maneira a Lygia renegou esse conto... uma pena, gostava tanto dele, procuro na internet e não acho.
Conta a história de um detetive que investiga relações extraconjugais. Aos poucos no conto, vc vai descobrindo que o primeiro caso que ele investigou foi o próprio quando desconfiou que sua mulher o estava traindo....  e fez disso uma profissão.

Segui em silêncio durante o trajeto inteiro... com uma timidez  me calando e minha cabeça girando... Meus olhos fingiam estar preocupados com a paisagem exterior.. por fora a cidade adormecida, comércios ainda fechados, as pixações nos portões das lojas...Por dentro meu espírito desperto, sentindo sua presença, o perfume, o calor de seu corpo...
como nunca havia visto aquela garota na escola? Quem era ela? Bastaria perguntar... mas palavras não sairiam da minha boca.

Algumas chinesas se interessaram por mim, quando eu estava no Japão. Eu ficava com pé atrás, pois, achava que elas estavam interessadas apenas em conseguir visto permanente mediante a uma relação comigo. Jamais pensava que alguém poderia se interessar por alguma qualidade minha. Eu sempre na defensiva, desconfiado e de coração fechado.
Nem falava chinês nem japonês, a única comunicação possível seria na cama.... a linguagem universal - uma vez disse uma prima minha.
Falou em China, lembro dessa exposição. Lembro de jade, lembro dos olhos verdes.

Outro dia vi uma vlogueira fazendo uma resenha sobre o livro Antes do Baile Verde... Dizendo que seu exemplar foi comprado em sebo. Mandei uma mensagem pra ela pedindo o conto Olho de Vidro, mas a canalha nem me respondeu. Tá se achando demais, ou simplesmente não dá o feedback. Esses dias ela postou uma foto ao lado da Lygia, sigo-a nas redes sociais. Ela participou de um doc em homenagem aos 1000 anos da Lygia, ou melhor, aos 90 anos..hehehee... Nem vi esse doc, passou na cultura... hj eu não assisto mais televisão. Procurei e ainda não postaram no youtube.

Sofri uma contusão séria... foram dois dias de treinos fortes.. mas na verdade um desgaste de uma vida inteira. O cansaço vai penetrando durante os anos, na pele, depois nos músculos depois nos ligamentos e enfim na alma. Foram tantos anos de treinos forçados, contra a minha vontade... um dia eu iria enlouquecer, mas deixaria isso pra depois que eu voltasse do Japão. Quando me machuquei sério, o técnico me disse... ou vc está com problemas ou vc está apaixonado. Eu estou é de saco cheio!! - Pensei.
Logo me lembrei daqueles verdes olhos... no dia seguinte veria ela de novo.

Andei mancado para o ponto de ônibus... dia cinzento para quem estuda de madrugada, horário de verão. Coração frio e corpo machucado. Ela entrou... Todos os dias o ritual era o mesmo. Naquele exato ponto, de longe a via sinalizar para o motorista parar. 
O desgraçado freava brusco...
Mas ela entrava levitando... e sorria pra ele todos os dias.
Será que aquele sorriso dobrava o mal humor dele? Se não, não importava. Eu roubava o sorriso e guardava no coração.  

Quando voltei do Japão caí numa depressão profunda... tudo o que havia varrido pra baixo do tapete veio a tona. Anos frequentando aquele grupo esportivo fazendo por obrigação algo que eu detestava. Violência psicológica e física em casa. Bullyng na escola. Que diabos...
Fugi para leitura, busquei por meditação, busquei por medicação. Joguei as medalhas  no lixo, mas não tirei o trauma do coração...
Nas minhas leituras, enfim, descobri esse livro de contos da Lygia.. Antes do Baile Verde...Talvez eu preenchesse o conto Olho de Vidro, por, Olhos Verdes de Vidro. Ou mudaria o título para Antes dos Olhos Verdes..

Aos poucos fui me desligando.. depois que me machuquei sério, não fui o mesmo atleta. Um dia me ligaram não pra saber como eu estava, mas se eu tinha melhorado para voltar aos treinos. Precisavam de mim para completar a equipe  numa corrida de rua.  Canalhice total. Quando voltei aos treinos, não era mais o mesmo. Estava cansado de tudo aquilo. De corpo, mente e coração.

Enfim, nessa época estava acabando mais um ciclo, Parece milagre, mas as coisas passam. Até as coisas ruins passam. Até as prisões se desmancham. As marcas podem ficar no coração, mas a gente aprende ou pelo menos tenta apagar.
Quando me recompus no físico, ela não mais pegava o mesmo ônibus. Aquele período tbém passou. Sem aquele sorriso, tudo perderia o brilho. Sem aqueles olhos, a rotina perdeu a cor. Aquilo foi um pequeno milagre do cotidiano. Aquilo foi realmente a única coisa que quebrou o meu cotidiano.
Um presente da vida.

Como nos contos da Lygia, essa história poderia terminar sem final, em aberto. Ali quem dá o fechamento da história é o leitor.
Mas aqui quem decide é a ficção, a realidade ou o coração?
A diferença é que os personagens dessa ficção são reais e participam da história. Como o escritor de memórias eu não decido nada. Ainda tenho medo de tomar um rumo.

Falando em ciclos e términos... sinto que enfim, a depressão tbém está se diluindo. Este é o momento de nascimento, ou de um renascimento.
Que toquem as trombetas, que caiam as bençãos e desçam os anjos.
Na minha cabeça tocam  duas músicas do Angra, Rebirth e Nova Era... E que irônico!! Comprei esse Cd no Japão, com encarte em Kanjis e tdo mais.

"Brilha o novo dia, anjos caídos se levantarão
Nova Era traz as cinzas de volta à vida
Tudo acabado, as dores e mentiras
Anjos se erguerão
De volta à vida!"

E no fim de Rebirth diz...

"(E eu) Vou pelos ventos de um dia novo em folha
Alto aonde as montanhas alcançam
Reencontrei minha esperança e orgulho
Renascimento de um homem

Hora de voar..."






segunda-feira, 31 de julho de 2017

Deixar o passado para trás

Tenho dificuldade de soltar as memórias ruins.
Não me ensinaram isso na escola.

Tomar a decisão de mudar os padrões mentais é um processo de aprendizado. Ou mesmo, para nós ocidentais, uma alfabetização.

Esses dias estava praticando meditação. Não sei se estou certo, treino em meditação pode ser treino em percepção, se perceber.  E se perceber, entrar nas camadas desconhecidas de nós mesmo, leva um certo tempo, talvez uma vida inteira.

Pois bem...

Nessa meditação me veio claro na mente que eu tenho dificuldade de largar o passado. Eu não entendia bem quando dizem...vc tem de deixar o passado para trás... porque se eu deixasse o passado para trás, não sobraria memória, e não sobraria referências onde eu me apoiasse.

Hj o que entendo sobre largar o passado é... desvincular impressões no corpo emocional, que se entrelaçam com memórias do passado. A memória é feita de impressões, não só imagens. E certas impressões, principalmente as traumáticas ficam impressas em tensões no corpo. Eu sinto no peito e nos ombros. De vez em quando sinto no cerrar dos dentes.

É algo condicionado. A mente tem essa propriedade de se automatizar. Então quando ela se acostuma com o mesmo caminho, ela se condiciona a sentir da mesma maneira... e fica difícil mudar, requer muita atitude e energia interior. Mas antes da atitude, do movimento... é preciso que se saiba relaxar a mente, é o famoso agir sem tensões. E isso é um treino diário, pois, a tensão estão impregnada em meu corpo, condicionada no meu modo de agir.

Todas essas tensões acumuladas, estouraram em mim em  fobia social, ansiedade extrema. Toda essa ansiedade e neuros, tiram toda a energia vital e o fluxo de viver, de fazer, de Ser. Pra sair disso requer muito esforço, paciência e determinação.

Preciso largar  o passado.. não as memórias.. mas essas impressões de medo, angústia e ansiedade, que estão condicionadas.

É isso.

Desordem

Estou vendo nas postagens anteriores que não estou organizando bem minhas ideias.
Faz tempo que eu não escrevo com alguma constância.
Preciso praticar um pouco mais, até para poder me expressar melhor no dia a dia, caso eu precise.

Estava escrevendo ultimamente sem muito critério, tentando ser mais espontâneo. Não consegui um resultado satisfatório. O bom disso é a constatação de que minha cabeça está fragmentada. E preciso dar um pouco mais de eixo naquilo que eu penso. Alguma direção melhor naquilo que eu quero expressar.


quarta-feira, 26 de julho de 2017

Los malis entendzidos

Bom, para entender essa postagem vc tem de ler primeiro o texto que se chama Soneto de Bach, da qual eu falo de uma menininha lá.

O que acontece...

Mais uma vez vou falar daquele grupo dos tapados que corriam atrás do rabo, onde eu claramente fazia o papel de mendigo.
Teve uma época que eu me interessei pro Heavy Metal e virei o estereótipo do metaleiro acéfalo. Porém foi a turminha do Rock que me abriu a cabeça para certos aspectos da vida... hj eu não me considero metaleiro, na verdade nunca fui. Não renego essa época, as vezes, curto um som, mas acho todo esse universo uma galhofa. Se vc não levar tão a sério, vira uma brincadeira divertida. É como vc ir numa festa fantasia... é ridículo, mas todo mundo se diverte.

Bem,  estou falando isso pq eu era o mendigo da turma e o cara fechadão que ninguém ousava se aproximar...
Em um dia de competição, me sentei solitário defronte a pista de atletismo, para contemplar o fim de mais um dia e um belo por do sol...
Então uma menina ousa sentar-se ao meu lado para puxar assunto... e a liga para tal conversa foi sobre uma banda de Heavy Metal do qual um tecladista era fodão, e que ela gostava porque ela tocava teclado.
Aquela menina era outra que era diferente do grupo e só frequentava esse lugar porque o pai dela era um carrasco que tbém obrigava ela a ir, pq achava importante ela ir... sendo que ela detestava ir. Talvez inconscientemente rolava essa empatia... A menina era legalzinha, tinha uma conversa muito boa e fez o meu final de dia.

Quando eu estava prestes a ir para o Japão, ela me convidou um dia para eu ver ela tocar piano no conservatório da escola. Aí eu ia lá uma vez por semana para conversar com ela.... tipo, me interessei por ela, mas não me declarei na época.
O que aconteceu é que no Japão, eu trocava cartas com um amigo... e nessa carta eu falei dela, e de uma poesia que tinha feito dessa época.. mas eram águas passadas.
O maluco, sem me pedir autorização, falou com ela por e-mail e disse que eu tinha escrito um poema pra ela... do qual jamais chegou em suas mãos... pq eu não enviei, não salvei... e era uma poesia bem ruinzinha.. mas pense a vontade que ela teve de ler do que se tratava, pois, qual mulher que recebe uma poesia hj?ou durante a vida? Poesia das boas, inspirada em alguém, só escrevi uma em minha vida, da qual eu considero minha obra prima.

Mas enfim... essa história ficou nessa pendência...
Uma vez, relembrando as memórias amargas da vida, eu comentei com minha irmã que daquele grupo de tapados, uma das poucas pessoas que se salvava era essa menina aê.. ela era diferente, não era mais um cãozinho adestrado daquele sistema.. pela conversa que eu tive com ela deu pra perceber. Falei assim, nesse tom....

Nesse ano teve evento lá e minha irmã teve que participar como voluntária, embora, as lembranças que ela guarda desse local tbém lhe são traumáticas.
Ela me falou que veio uma pessoa perguntar por mim... eu disse, éh mulher? Ela disse.. não...
E eu disse, então, não me interessa...
Mas ela me trollou mesmo assim, dizendo que foi o cara que era um traíra, que me dava umas pauladas por trás na epoca, do qual eu não guardo ressentimento. Me dizendo, que o cara me ama,,,, que isso tudo é amor...

Tbém nesse evento a tal menina que eu falei, reconheceu minha irmã e foi falar com ela. Minha irmã não a reconheceu, mas logo, a reconheceu.. ela nunca havia conversado com ela... mas ela foi falar com minha irmã, éh o jeito dela, espontânea de ser...
Daí minha irmã solta a seguinte para quebrar o gelo:
-Po, meu irmão fala de vc direto!!!Sempre fala de vc!!

Putz, mentira.. tbém não éh assim. Eu só comentei algumas vezes, como relatei... Dae pensei.. mano, acho que a mina acha que eu amo ela até hj... faz uns 10 anos, que tudo o que eu disse ocorreu, e ela tá achando que to pensando nela até hj...

Aff, fiquei putaço.. mas deixa ela pensar néh..kkkkkk. mal não vai fazer.

Portanto, não confie no que as pessoas dizem.. elas exageram demais. Fim.

sábado, 15 de julho de 2017

Musa inspiradora

Como posso ser poeta sem ter uma musa inspiradora?

Poderia escrever sobre minha vida, mas não tive vida.
Poderia escrever sobre a minha não vida, mas só sobraria o amargor.
Chegou um tempo em que eu escrevi tanto sobre o meu amargor, que perdi a vida.
Não só perdi a vida, mas perdi-me na vida.

Mas mesmo assim... gostava das palavras e sempre quis ter mulheres. Mas para ter mulheres não basta só palavras, tem de ter dignidade. Antes dignidade do que saber dizer.

Eu fui um tolo arrogante... achei que poderia me esconder atrás de poemas. Tentei dizer palavras belas e escrever sobre a inspiração de minha vida... mas como??? Era tudo mentira. Era imitação. Era limitação.

Escrevi poemas que não foram lidos. Toquei uma música, sem afinação e ritmo. Tentei amar mas era apego. E no meu ressentimento, apenas colhi escuridão. Escolhi escuridão, não solicitude, solidez.
Solidão... Solicitude e avidez...

No tédio, venho nesse blog me expressar. Tento escrever sobre qualquer coisa. Tento ser o tal Sábio Perdido.., mas estou perdido sem sabedoria...não em sabedoria...
Queria escrever mais um poema... talvez um único poema...mas sem ter do que falar, tudo é silêncio. Antes fosse silêncio se não fosse angústia...

E quando tento escrever, é do passado..é dos seus olhos que me fitaram. É onde eu mergulhei meu desespero, meu desamparo. É um instante eternizado?
Seus olhos foram o descanso de um instante. Seu perfume foi um respiro, seu sorriso meu último suspiro, sua voz a última canção.

Você é minha eterna musa inspiradora...é a esperança perdida, é meu último poema.
Foi um instante de alegria e uma eterna agonia.

Perdido no meio de tanta informação

Abro o Youtube e não sei que fazer em meio a tanta informação.

Será que é sinal de velhice ou bom senso??? Essa questão sempre me pega.

Tudo aquilo que é parte faz parte de um todo... de um contexto. O que  a internet trouxe de liberdade tbém ao mesmo tempo trouxe de fragmentação.
Difícil em meio a tantas opções, por exemplo, na música... ouvir um álbum inteiro, como fazíamos antigamente.

A gente ganhava aquele disco e era obrigado a ouvir e se apegar a todas as músicas... já que não era tão acessível assim. ouvia-se rádio... ou apenas o disco...  e aos poucos, a música preferida se tornava parte de uma obra inteira, de uma história... o álbum conceito.

Mas agora... eu me perco e não sei o que faço quando quero ouvir um som. Minha mente tbém se fragmentou e não consegue mais focar... são tantas opções, estilos... facilidades.

Sinto nisso uma escuta pobre. Tudo parece, tudo carece... é a sensação que eu tenho.
É velhice ou bom senso?? Sinceramente não sei.




segunda-feira, 5 de junho de 2017

A desobsessão

Essa é uma história que envolve crenças... se vc não acredita em fantasmas, espíritos ou tem medo disso.. não leia...

Então eu estava deprimido ao ponto de contemplar suicídio... Era uma época muito doida.. onde eu estava atormentado e num processo aleatório de não saber o que tava fazendo.... e como eu tinha dinheiro eu fiz um monte de besteiras e uma delas foi comprar uma Bateria, me invoquei com essa ideia.. que é claro, não iria dar certo...
(Pensou que eu gastava dinheiros com drogas e prostitutas neh..kkk .. longe disso.. )

Peguei um método de bateria com partituras e comecei a treinar umas levadas... tipo, eu sabia ler partitura ritmica, o Pozzoli... então para mim era assim... bumbo aqui, caixa e Chimbau.... tom tom... e eu conseguia tocar mal ou meno....

E um dia minha irmã, conhece na internet no chat... um cara, cujo vulgo é Baterista Cabeludão....Conversa vai conversa vem...Ela descobre que esse cara na verdade é um Roadie  de uma banda de Metal brasileira consagrada ... Faça uma lista aê e com certeza vc vai acertar qual é, é essa mesma que vc tá pensando. O cara, mora na minha querida Oz e razoavelmente perto de casa...
Ae ele queria conhecer minha irmã... mas eu aproveitando da situação, pedi que ela perguntasse se ele podia me dar aulas.... e ele aceita...

Mas mesmo assim, minha irmã achava o cara um mala e não conversava com ele... então, eu só aproveitei da situação mesmo.

Eu então começo as aulas... tipo, o cara toca absurdo... quase me deixou surdo quando mostrou o quanto ele é o fodão da batera... sabe, aquelas bumbadas dublas, aquela fritação sem freio... a bateria do cara parecia um transformer...
Iniciei minhas aulas com esse cara, uma vez por semana....

Massss...
Eu estava nesse processo de Depressão profunda....e estava fazendo um tratamento de desobsessão numa Casa Espírita... Era meio bizarro, eu tenho algumas especulações que ocorria na época...
Era assim, eu ficava numa rodinha de pessoas que estavam fazendo o tratamento, cerca de duas ou tres... aí ficavam pessoas nesse grupo fazendo a Evangelização... tipo, lendo a palavra de Jesus...
Enquanto isso, um grupo de médiuns ficava em uma outra sala fazendo o trabalho deles.
Entrava um tratado por vez na sala...  aí quando vc entra na sala, a meia luz... vc senta numa cadeira, um médium faz uma prece, enquanto os outros ficam numa mesa... e depois da prece vc sai da sala, volta pra rodinha de evangelização enquanto os médiuns trabalham ali dentro com os encostos que vc trouxe.kkkk
Eu devia tá carregadaço.. porque sempre depois da minha vez;;; eu entrava na salinha, depois, saia da salinha... e depois, ficava mó tempão lá os caras fazendo as seções  e muitas vezes... se ouviam gritos ali dentro, choro, escândalos.. deviam ser os obsessores se manifestando.... ou seja, a minha situação era grave.
O que se diz, eles não me falaram abertamente, mas mediante pesquisa pessoal ... é que muita gente traz um passado onde se fez coisas horríveis com pessoas e esses espíritos que vc prejudicou, ficam travando sua vida, querendo vingança, amarrando, sugando sua energia etc . etc. etc. Aí nesse tratamento, os caras travam contato com esses encosto pra dizer... Let it Go!!! já passou, deixa irrrr.... e são levados para serem tratados...
OU seja... eu tava carregadaço mesmo... cheio de inimigos de vidas passadas, etc. etc. etc. (não estou jogando a responsabilidade toda da minha depressão nisso... é um aspecto da depre... tem coisas que eu assumo a minha responsabilidade, que fique claro)

Mas eu ia pras aulas de bateria uma vez por semana...
Só que aconteceu uns Xabus, nesse precesso...

Um dia eu fui fazer aula na casa do cara... aí músico vc sabe como éh, o bixo sem comprometimento... digo isso, pq o que eu já tomei de cano de professores de música, não tá no chapéu. Com esse não iria ser diferente.
Vou lá no horário da aula, toco a campainha.... era época de chuva, e debaixo de chuva ficou uns 15 min tentando e esperando (essa época não tinha celular, era caro)... Logo penso, o cara não tá, esqueceu de dar aula, ou me esqueceu de avisar que está em turnê com a Banda lá...
Volto pra casa, vejo o cara no MSN e putaço digo... mano, eu fui aí e vc não me atendeu, toquei a campainha várias vezes...
Aí ele diz.. Foi mal aè, é que eu tava ouvindo música com fone, acho que não ouvi vc chegar...

PQP pensei.. o cara tem aula marcada comigo, fica no fone de ouvido.. em vez de ficar atento se eu chego ou não... mas beleza, semana que vem tem aula normal...

Na semana seguinte chego na casa dele e ele está tocando bateria a mil... Dava pra ouvir de fora...
E é claro que ele não vai ouvir a campainha, pois, ele está TOCANDO BATERIA... aí eu penso. mano esse cara só pode tá de sacanagem comigo....
Fico esperando de novo se ele vai parar de tocar, pra eu tocar a campainha e ele ouvir.... mas o FDP não para de tocar um segundo sequer... eu tocando a campainha e o cara tocando, tocando, tocando...
Saio putaço, e volto pra casa.
Ele me liga perguntando pq não fui pra aula.... aí eu falo putaço... mano, vc tava tocando batera... como vc ia ouvir a campainha... ele diz.. mano foi mal, eu precisava praticar.. ficava olhando pela janela se vc já havia chegado, mas como não te via, pensei que vc não veio...
Eu falei, mano, eu fiquei um tempão tentando gritar fazer contato... mano, vc quer DAR AULAS MESMO? SE NÃO QUISER DE BOA, VELHO SÓ FALAR... SÓ NÃO FICA ME FAZENDO DE OTÁRIO.
Ae o cara, não mano.. quero te dar aulas sim. Foi mal ae.... bla bla bla..

Fiquei desconfiado pq realmente ele não me dava aula porque precisava da grana... ele só cobrava um preço simbólico, ele dava aulas aparentemente pq queria me dar aulas....

RESPIRO FUNDO.... e penso tá bom, vamo deixar pra semana que vem...As aulas do mes estavam pagas mesmo.

Chego na semana seguinte toco a campainha e nada... nada.. nada...
Mano.. subiu o sangue aquele dia num nível estratosférico.... Na casa dele tinha uma porta de Aço dessas de comércio.. tipo uma garagem... Quase enfiei a bica naquele portão de Raiva que eu tava... mas não o fiz, pq vizinho iria ouvir e sei lah, vai que dá merda.... aí eu não chutei, eu chutei mentalmente com toda a minha fúria.
E com certeza mentalmente joguei uma urucubaca pra cima dele, eu tava muito puto.

Nem falei com o cara mais... Depois de uns dias ele encontrou a minha irmã no MSN perguntando de mim... aí ela falou que eu tinha ido, que toquei a campainha ninguém atendeu, que eu tava puto, e que não queria mais falar com ele...
Aí ele disse que ele estava na casa no horário e não sabe o que aconteceu e blá blá blá... e ela disse, sei láh, ele foi ae... deu um mal entendido então, mas ele foi....
Aí ele disse pra eu falar com ele, que ele queria dar aulas bla bla bla... e é claro que eu nem voltei a falar com esse cara.

Nesse período eu tava fazendo lá meu tratamento de desobsessão, kkkkk... e quase tendo alta, tipo, demorou mesmo pra eu ser tratado...
E faltando uma seção pra acabar, imagina quem aparece no tratamento da rodinha de evangelização para a minha surpresa...
O Baterista Cabeludão...

Quase buguei... aquilo não poderia ser coincidência... Na mesmissima casa espírita...kkkkkk
Sendo que na minha cidade tem várias casas espíritas, tipo, das boas, que eu conheço.. umas 5...
Mas era minha última seção, então só cumprimentei o cara, fui polido, e a gente fingiu que nada tinha acontecido...kkkkkk

Aí depois eu pensei.... Passei todos os meus encosto pro cara, kkkkk.. agora ele tá fazendo tratamento. kkkkk

Tipo, aí eu pensei.. não faz muito sentido... pq se os meus encosto  eram pessoas que queriam me prejudicar, porque prejudicariam ele?? Não tinha sentido, pois, eles deveriam louvá-lo já que ele só me ferrou.
Mas aí eu pensei.... o Cara foi tão FDP comigo, que até os meus encostos ficaram putos com ele ..kkkkk
E resolveram me dar uma mãozinha... e passaram a obsediá-lo tb... kkkkkkkkk
Inimigos porém amigos!!! kkkkkkkkkkk

Fim.






O convite de casamento

Então, mais uma vez aqui pra falar sobre casamento ou não.

Eu tinha uma banda... ou quase isso, ou um ensaio disso...
Tocava com um ex-colega de escola e ele tinha um primo que tocava baixo... nós tocávamos tipo um acústico, dois violões e um baixo... nada sério só pra tirar onda...
Mas havia uma época que a gente tocava mesmo, com baterista e vocalista.. enfim, o que eu quero dizer com isso é que nós já tinhamos uma relação de uns 5 anos mais ou menos, ou mais.

Eis que um dia...(nessa época não havia whatsup).... passamos a semana inteira sem se falar, pois, geralmente no meio da semana a gente ligava um pro outro pra confirmar o ensaio que ocorria no domingo...
eu tomo a iniciativa de ligar de manhã pra ver se vamos ensaiar de tarde...só pra confirmar é claro, pois na minha cabeça se ninguém se falou, ninguém cancelou....e então ligo pro meu colega o do violão e voz...

Quem a atende o tel. é a mãe dele e eu digo ... Fulano tá aí?? É o L....
Ela diz que ele não está...
Eu digo... é que não conversamos durante a semana, então queria saber se vai ter ensaio hj...
Ela me diz.. meio sem graça, e sem entender bulhufas... Então, o M... (que é o baixista da banda e primo do Fulano e Sobrinho dela) vai casar hj !
Aí eu digo.. Ah! eu não sabia... ele não me avisou que iria casar !! kkkkkkkk
Ela diz.. Então, é que eles disseram que não te convidaria pois saberia que vc não iria ir mesmo...mas acho isso errado, porque o mínimo é convidar...kkkk
Penso... bom, isso é verdade.. mas o mínimo seria.. me avisar, já tava de bom tamanho..kkkkk

Não fiquei chateado.. e se ele me convidasse eu iria, pois, sou brother do cara e tinha consideração por ele... só achei engraçado o fato de eu não saber de nada....imagina... vc liga pra cara pra marcar ensaio e descobre que não, pq o cara esqueceu de te avisar que ele iria casar no domingo...kkkkk

Enfim, é isso. 




quinta-feira, 18 de maio de 2017

Os Forasteiros

Quando disse que mulher implica, isso é verdade. Pode me chamar de machista, aliás,  assumo essa posição. Não com orgulho de quem éh, mas de quem assume que éh... Os japoneses são uma cultura misógina e eu absorvi um pouco desse comportamento.
Isso não quer dizer que eu desprezo as mulheres ou que eu as ache inferiores... longe disso.
É tal como o machismo imbuído na nossa cultura... se fala horrores da homofobia, no entanto, éh muito comum usar termos como; gay, bichinha etc... com caráter pejorativo.
Essas são as nossas contradições.

Voltando....

Lembrei da síndrome do forasteiro... Sabe quando dizem que quando um cara novo aparece numa cidade do interior e passa o rodo em todo mundo? Porque as mulheres veem carne nova chegando...
Isso acontecia direto no grupo que eu frequentava... heheheh... Isso éh fato...

Mas fazendo o contraponto... isso acontecia tb quando aparecia uma menininha nova por lá ... os caras caíam matando na carne nova.
E se a menininha fosse espontânea então... vishhhh...paixão na certa.. massss... como disse, era uma cultura misógina... gente assim era considerada puta.... e logo a menininha se sentia discriminada e era excluída do grupo...

Mas como eu disse... o povo lá não tinha carisma...
Lembro quando entrou um cara novo... ele não devia ser bonito não... mas ele era filho de artista, e logo deveria ter tido uma educação diferente daquele povinho dali.
Então o cara além de ser 'O forasteiro', trazia consigo uma carta na manga...  ele era comunicativo e carismático... algo que não se via presente nesse grupo, por ser um grupo muitooo reprimido.
Aê o cara chegou cheio dos papinhos maroto, cheio de espontaneidade...Todas as menininhas se apaixonaram por ele.... kkkkkk

Depois eu contemplei outra história... que é oposta a do 'Xitãozinho e Xororó'.
Entrou um cara novo por lá...Pra mim, mais um caboclo pra encher o saco... Para as menininhas, carne nova no pedaço.
Esse cara, cujo apelido era um nome de jogador... era um cara até que extrovertido e espontâneo...
Só que as menininhas lá invocaram com ele...e começaram a assediá-lo, looouuucamente.....
o efeito foi inverso a do 'Xitãozinho e Xororó'. Em vez de o cara ficar confiante com a possibilidade de ser o macho alpha... aquilo disparou nele uma síndrome de timidez...
Ele se retraiu de um jeitooo.. que não voltou mais.
Mulher não se apaixona, mulher invoca...
Quando teve um bailinho (que humilhante dizer isso...) ... uma menina dançou com ele e pegou aversão a ele, não sei por qual motivo. Logo todAzOutras, foram na ondinha  e passaram a desgostar do cara.... então, da mesma forma que invocaram, desenvocaram... simples assim, comportamento de gado.

Mas tudo isso éh passado...

Falando em bailinho, lembrei que....
Ah, tipo rolava esses bailinhos patéticos.. que éh claro, eu não gostava de ir... sabia que as menininhas de lá tinham aversão por mim tbém, pois, como disse... eu era o mendigo da turma.
Minha estratégia era assim... deixava tocar três músicas... na quarta música eu convidava uma menininha pra dançar, uma que eu achasse feia.. porque se for pra se queimar, que seja com a mais feia.... aí eu nem trocava ideia... eu só ficava rodando que nem pião do baú, abraçadinho com a mina, muito provavelmente com mão de alface,  morrendo de vergonha desse teatrinho patético... enquanto os outros casais muito provavelmente estavam ouvindo ao fundo a trilha do Roxete (Eu não falo Roksete... eu falo Rochete...kkkkk) : Crash, Boom, Bang...na minha cabeça estava tocando a música do pião do Baú do Silvio Santos...kkkkkkk
Os casais apaixonadinhos, na escuridão avassaladora de um local decadente... Tocando ora Rochete, ora aos Uivos da trilha de Top Gun, crianças se achando gente... um odor sinistro de Giovanna Baby com Quazar, ou qualquer coisa do tipo... naãããããããããõoooo, que Karma eu fui criar na minha vida..que inferno é esse !!!!!!

Eu sou uma pessoa prática... não entendo os mise-en-scène da vida. Como naquele filme, 'Uma mente brilhante'... se fosse pra colar na mina.. éh chegar e dizer.. meu vc tem uns peito da hora, e no fim, tudo o que eu disser éh porque eu quero ir pra cama com vc... portanto, não precisamos de todo esse ritual, quer ou não quer transar??? Logo depois, vem um tapa na cara...

Mas eu tinha que ir pra esses bailinhos, embora não quisesse..como sempre, por obrigação, pressão social e pressão paternal ... Indo pra cumprir tabela meu pensamento era assim...
Se me virem dançando, não haverá aquela pressão de que eu não dancei com ninguém... então uma vez que eu dancei uma vez, estaria livre...para ficar moscando ali.

Mas eis que duas meninas vendo isso, combinam de me chamar e chamar o outro cara para dançar, esse que ficou tímido... para nos tirar da zona de conforto... O cara, que ficou tímido tbém ficava horas sem dançar com alguém... quem diria..
Vergonha master e duplicada... dignidade zero..kkkkkk
Lá vai eu girar como Pião do Baú novamente...
Aí a mina me pergunta: Pq vc não dança com ninguém, pq vc éh tímido?
Aí eu respondo: É... eu tenho medo de mulher.

Mas na minha mente...
...éh pq na verdade eu quero passar a mão na sua bunda durinha, não tenho muito autocontrole, sou um tarado reprimido...
aí éh melhor não fazer nada.. porque dentro desse cara tímido, vc não suspeita o monstro que se esconde entre quatro paredes e nem queira conhecer. Sou daqueles de puxar o cabelo e dar tapas na cara. Mas no final isso não vai rolar, pq vc não quer dar pra mim... pq eu sou um fudido... kkkkkkk
Eu quero te comer, mas não sei se vc quer dar pra mim... então estamos girando aqui que nem pião do baú, mas no fundo, era melhor estarmos num motel pulguento, o famoso Palmeiras, porque ali pelo menos estaríamos transando loouuuuucamente!! sem esse mise-en-scène todo.. não acha???kkkkk

Zoeira...

Enfim, essa é a história dos forasteiros 











O encontro de 2 mundos

Ele envolto em névoa e sombras,
Ela  por doces nuvens de algodão
Ele com o rosto tenso e sisudo
Ela com serenidade no coração

Nele o uniforme roto e mal passado
Nela o mesmo,
um tecido perfumado e fino
Nele os olhos pra desabar em prantos
Nela os lábios pra  desabrochar um riso 

No mesmo ponto,
No mesmo tempo
No mesmo dia,
Na mesma dimensão

Asfalto batido em terra
Óleo diesel em combustão
A alma dele emperdenida
Entoa uma oração

Os dedos contando a prece
Seus lábios ardentes, hereges
Rogam-lhe pela redenção

É um anjo que desceu dos céus
Cruzou pelo seu destino
Causando-lhe desatino
Não lhe trouxe a salvação









 





quarta-feira, 10 de maio de 2017

A cidade de noite

Todos os domingos de manhã eu vou até a Vila Mariana fazer práticas religiosas. São estudos e práticas na verdade.
Semana passada tivemos excepcionalmente uma prática de noite e foi então que eu vi a beleza dos edifícios de SP. Mesmo em meio ao caos do trânsito e com a ansiedade de quem está atrasado.

A primeira vez que eu tive essa sensação foi na infância ou pré-adolescência. Ainda nosso mundinho era ficar no perímetro de nossa cidade, eu raramente andava por SP.

A história éh longa.

Tinha um cara que era muito estranho e ele era novo num grupo onde eu frequentava. Ele era muito tímido e inseguro, tinha cabelo de Xitãozinho e Xororó e todos o achavam bizarro, inclusive eu.
Ele ficava na dele, sempre...
Mas quando a vida sorri pra alguém, sorri bonito!
Tinha uma menina que frequentava esse lugar que há muito não dava as caras por lá...Era uma descendente de koreana, que até então, era considerada riquinha.... faço essa ressalva porque o parâmetro que eu tenho de gente rica hj, éh diferente que eu tinha na época... e naquele grupo de fudidos, qualquer um que tivesse dentes na boca, e um carro importado era Rei...
Pelo que eu me lembre os pais delas deviam ter uma fábrica de itens de couro... e o povo puxava o saco da menina por ter grana... hj eu diria: Bonito fazer riqueza frente ao sofrimento de animais!!!
Eis que essa menina... se apaixonou pelo cara estranho que eu falei!!!

Sempre digo que mulher não se apaixona, mulher invoca... e essa menina invocou com esse cara, não sei que diabos viu nele... talvez um potencial...ou talvez só invocação.
Ela queria dar pra esse maluco de qualquer jeito... e para realizar tal feito... organizou uma festa no salão de festas de seu apartamento... que ficava onde?? onde?? Num bairro nobre de SP!!!

Eu que sempre detestava festas fiquei puto... pq ela iria fazer um convite geral, eu não iria querer ir, mas meus pais me obrigariam a ir... seria mais uma noite enfadonha da qual eu preferia ficar em casa de boa, assistindo televisão... mas não, teria que ir pra tal festa...Pensava... se a menina quer dar para o maluco, porque tem de me meter nessa confusão..???!!! Mete com o cara, mas não me mete nessa história... ou mete só comigo..kkkkkk

Lá vai eu de novo a contragosto, num sábado a noite...cruzar SP... de carona...
Como eu estava ansioso e puto, não reparei na cidade ao meu redor...
Chego na festa.... um saco.

E a aniversariante misteriosamente some... pq será???  Subiu com o cara pro apêzinho e a noite foi uma criança... ou melhor, a noite, foi quase a geração de uma criança...

Mas até aê eu só tava puto com tudo isso.... esperando dar o tempo da festa acabar e voltar pro meu casulo. Nessa época eu era apaixonado por uma menina, aquela que ficou gordinha...

Só sei que o salão de festas estava um pouco vazio, comecei a ouvir rumores que essa menina estava ficando com um outro cara, um cara folgado que eu não gostava. Mas pensei que era apenas uma dança marota, pois, na pista já tocava uma música lenta, e provavelmente estava rolando umas danças.....
Até que eu me levanto e lembro do estacionamento e vou lá pra tomar um ar...

Eis que vejo a menina que eu era apaixonado sair da penumbra do estacionamento, com um sorriso nos lábios, andando com as mãos nos bolsos... e depois, se reagrupando com suas colegas, que esperavam por depoimentos.... estava no labirinto dos carros, escondida dando os pegas com o folgado...putz...
Vi com meus próprios olhos o sorriso malicioso da felicidade... aquilo cortou meu coração....
Creio que simultaneamente, a koreana transava loucamente com o Xitãozinho e Xororó'... lá no apartamento...
Depois dessa noite o 'Xitãozinho e Xororó' se transformou!!
A primeira transa, verdadeiramente transforma um menino num cidadão... o cara,  no dia seguinte cortou o cabelo... e se soltou.... Ficou mais extrovertido, alegre e virou uma liderança no grupo... virou o macho alpha... Com certeza ele traçou a koreana naquela noite e sua felicidade irradiou durante algum tempo...Porrrra, nem pra dÊsfarçar um pouco néhh...hahhahaha
Fiquei pensando: Putz, como uma mulher pode transformar um cara.

Na festa eu fiquei com cara de cu... faltava um tempo para a ela terminar... minha primeira decepção amorosa... Indigestão amorosa...hehehee

E foi na volta que eu pode contemplar a beleza de SP eu seus arranha-céus... a noite estava linda, iluminada pelas luzes dos prédios, pelas ruas desertas, e as torres de transmissão.... fiquei com a cabeça pendida no vidro do carro no caminho de volta, contemplando aquela beleza e com um sentimento de que a vida era dolorosa... Aquela paisagem era meu único conforto.












segunda-feira, 24 de abril de 2017

Música na Paulista

Mais uma vez a música se faz presente...na minha memória.

No fim do ano de 2016, eu comecei a pesquisar mais sobre música instrumental brasileira. Logo iria cair no encanto do Chorinho.
E pesquisando os vídeos no youtube, logo caí num grupo de meninas que tocam esse estilo.
Sempre as via na grande mídia, uns 8 ou 9 anos atrás... elas já tocavam bem, mas na época não havia essa força da internet e então não corri atrás.

Eis que no ano passadocaio em um vídeo onde duas delas fazem um dueto... a menina do bandolim, novinha... toca como gente grande. Uma interpretação arrebatadora. O virtuosismo tbém...
Fui ver outras versões da mesma música, outras interpretações... o que me chama atenção é a interpretação dela é a mais melancólica de todas... isso me intriga... como assim, tão nova ter essa expressividade?

Pronto, aquilo me conquistou... fiquei pulando de vídeo em vídeo, pesquisando mais e mais sobre o grupo. Daí vendo o estilo de vida em que levam e etc... é do tipo de pessoas que dá vontade de apertar... de ter como amigo, etc.

No ano passado fiquei nessa neura... fiquei sabendo que elas iriam dar uma palestra sobre o gênero, choro...e convidei um amigo pra ir junto. Quando ele viu o vídeo do dueto, ficou impressionado. Ele é músico... pode falar com mais propriedade.

Então fomos... e para a minha surpresa era uma palestra informal... com apenas umas 7 pessoas incluindo nós, bem próximo...sentados em uma salinha bem decorada. Aquilo foi uma porrada na cara para mim, que sou tímido... porque eu tava tão envolvido com os vídeos que eu via delas, que para mim, elas eram tipo, deusas...Quando cheguei ao local vi uma delas sentada no sofazinho esperando dar o tempo de início... a bandolinista genial...olhei e fiquei com vontade de tietar... tipo.. dizer.. meu, vc éh muito genial, toca muito bem... etc... mas não o fiz.

A palestra foi muito legal, mas eu fiquei meio travado... pq ali era tete a tete... deu pra interagir com elas e ouvir várias histórias e dar várias risadas. Mas havia o nervosismo da admiração.
Estava me sentindo um aristocrata... ter uma apresentação com uma qualidade musical daquelas, tocada por três meninas fofas... só pode se vivenciar quando vc é um aristocrata..kkkkk
Na volta, eu e meu amigo éh claro... estávamos apaixonados...

No último domingo elas se apresentaram na Av. Paulista... como eu estaria por lá, pois, todas as manhãs faço práticas 'religiosas' de manhã por ali.... iria vê-las novamente.
A Av. Paulista me sufoca.. aquele bando de gente, dispara minha fobia social.
Antes do show começar, eu dei umas andadas por lá para observar o movimento e esperar o tempo passar.
Quando começa a apresentação, vou pra bem perto do palco. Tenho a impressão que uma delas olha fixamente pra mim. Desvio o olhar, hehehehe... mas sei láh, pode ser que ela reconheceu...
No Bis elas tocam um clássico do Choro, que todos sabem cantar... e cantam juntos.
Como eu não sou de ir pra shows e etc... quando ouvi aquele povo todo cantando em minha volta.. fiquei emocionado...Aquilo é envolvente. Fora que é um clássico, não é o hit de Anita... o que me deixa mais impressionado. Senti vontade de chorar, mas me segurei.

A música termina... e a flautista se diz emocionada... com voz embargada ela fala sobre a imortalidade do autor, que está sendo homenageado e sinto que ela tbém segura o choro.

Mais uma vez a música me quebrando... foi um domingo cinzento quase chuvoso...mas a música o tornou claro e aberto.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A corrupção nossa de cada dia

Você pode até dizer que a culpa do país são dos políticos. Mas que tu é isento de atos corruptíveis, muito difícil... São pequenos atos que dão vazão aos grandes... por isso, antes de apontar o dedo na cara, eu revejo minhas atitudes...

Sexta série... devia ter por volta de uns 12 anos.

Havia aquele lance de vender rifas no período das festas juninas. A escola incentivava os alunos a venderem as tais rifas, e como recompensa para a melhor turma, ou seja, aquela que vendia mais rifas, eles prometiam uma excursão.
Esse lance já começa errado... se a escola precisa de dinheiro, sendo que ela é paga... não tem nada de ficar metendo os alunos em seus problemas administrativos. E é errado privilegiar uma turma, porque ela... vendeu mais.... coisa que não tem nada a ver com educação... seria plausível ela prometer que iria dar uma excursão para a turma com as melhores notas.... enfim, a porra toda já começa corruptível.
E eles permitiam que vendessemos doces para comprar as rifas, mó esquema errado... e proibiam o futebol maroto... 
E olha só... prometiam investir esse dinheiro para a sala de audiovisual... pufsssss.... sendo que a gente quase não usava aquele muquifo e mal trocavam os equipamentos de lá.

Enfim...

Começa a brincadeira... Como era de praxe, a turma vencedora era sempre a que tinha a professora Terezinha como coordenadora... sei lá que paranauê essa mulher fazia, acho que desenbolsava para comprar as rifas, ou tinha um monte de contatos que compravam dela... Essa era a tradição, era como se todo o ano, ela defendesse o título da classe que vendia mais rifas...
Isso é que dá, falta de sexo e objetivo na vida...

Eis que minha classe tem uma brilhante ideia... sendo que nossa coordenadora de classe era a professora Linda, que era feia pra carai... Péssima professora por sinal.
O cara mais maroto da classe, tipo, desse safados...  sugeriu que cada cabeça desse 1 real, o que na época equivaleria uns 8 reais ou 10 de hj. Com esse dinheiro ele compraria os doces para vendermos na escola e com esse dinheiro, comprássemos mais rifas e etc.
Todo mundo participou...

O cara de fato comprou os doces e distribuiu para a classe revender... Caixas de chicletes, paçocas, pé de moleque, pirulito... decks e mais decks de doces... E a classe foi pra guerra contra a classe da Terezinha.
Só que não havia tesoureiro e nenhum controle... fora que a gente via o povo que vendiam os doces, comendo doces....opa, tem coisa errada aê... o cara que administrava a parada fazia isso direto, dizendo que estava pagando do dinheiro dele.
A classe ia fazendo mais dinheiro, comprando mais doces, comprando mais rifas. Mas até aê, a corrupção já havia se instalado... eu desconfiava muito que o tal do cara pegava um por fora... não havia prestação de contas nem controle nenhum.
Eu peguei uma caixa de chicletes pra vender... mas não conseguia, pois, meu carisma é zero...
Levei a caixa pra casa... eu e minha irmã fomos comendo os chicletes e ela me dizendo: anota aê que no final a gente paga... Só que eu não anotava porra nenhuma e quando dei por mim, comemos a caixa de chicletes toda. Não fazia a mínima ideia de quanto teria de pagar por aquilo...
Eu poderia não fazer nada, já que ninguém sabia que eu tinha pego a caixa para vender.
Mas, cheguei pro cara que organizava a parada, dei dois reais pra ele dizendo: Tá aqui o que eu consegui vender de chicletes.
Eles simplesmente pôs o dinheiro no bolso da calça!!!! kkkkkkkkk .....

A guerra contra a Terezinha virou pessoal... não me lembro mas criou-se uma rivalidade, acho que ela estava trapaceando em alguma coisa, vendo que a gente tava fazendo frente, quase ganhando da classe dela. Ela deve ter maquinado algo, que achamos injusto.
Teve um dia que o pote de paçoca caiu toda no chão... os neguim em vez de jogar fora... pegaram todas as paçocas que ficaram intactas e puseram no pote para revender.... e para batizar o feito, ofereceram um para a Terezinha... que inocentemente comeu !!!!

Cara, nós tínhamos 12 anos e fazíamos toda essa parada errada. Imagina esse povo no Congresso....

No fim a Terezinha ganhou... a Linda elogiou o nosso trabalho... e o menino lá que organizou, ficou rico.

Hoje, devido a denúncias anônimas... reabriu-se o inquérito com a investigação da Polícia Federal... Chama-se operação Willy Wonka...kkkkkkk

Eu fui pego na investigação... minha pena é de 12 anos... mediante delação premiada, estou nesse blog, ameaçando citar alguns nomes que fizeram parte dessa operação, para possíveis negociações.













quarta-feira, 5 de abril de 2017

Soneto de Bach

Esses dias nos intervalos que tenho entre minhas práticas meditativas, tenho pego meu violão.
Fazia uns 2 anos que eu não tocava, sempre toquei mal, não tenho talento pra coisa.

Pra minha surpresa... mesmo sem praticar, hj me sinto mais maduro e estou tocando melhor. Não digo em relação a fluência, mas expressão. A meditação desacerela um bocado a mente, logo, sua percepção das notas melhora... tbém melhora seu foco e presença. Sinto-me mais espontâneo e generoso comigo e com minhas limitações. O importante é se sentir bem tocando.

Peguei as antigas partituras e fui relembrando as músicas que eu estudava.

Lembrei de uma música que eu gostava de tocar, um Soneto de Bach. Pra minha surpresa, tirei a música e a decorei mais rápido do que eu imaginava.
Logo lembrei....

Que na verdade, eu tentei tirar essa música na época para tentar impressionar uma menina. Ela tocou esse soneto no piano e disse que gostava dele.... Aí eu passei a semana inteira apanhando tentando aprender a tocar essa música com fluência, mas não rolou. Estava acima de minha capacidade na época.

Não toquei o soneto e na mesma semana... queria me declarar pra ela. Fiquei pensando éh hj, éh hj...
Combinamos de ir juntos até determinada rua, ao sairmos da escola. Tinha até aquele ponto pra tomar coragem... fiquei adiando o momento... Até que nos despedimos, sem que eu dissesse nada.

Não toquei o Soneto. Não toquei os seus lábios. Apenas a acompanhei virando a esquina... seria a última vez que a veria pessoalmente.
Em meses, eu viajaria para o Japão, para trabalhar.

quinta-feira, 23 de março de 2017

The Underdog

Fazendo um gancho com a história anterior, me veio uma memória dos tempos de escola.

Aula de educação física na quarta série. No fim do ano o professor começou a dar umas provas de corrida. Ninguém gostava pois todo mundo queria é jogar futebol, volei etc.
Começou assim...

Era uma prova de tiro curto. Devia ter cerca de uns 80m no máximo. O professor separava sempre uma bateria com 2 alunos, dava o start e marcava o tempo. Quem tivesse o melhor tempo, tirava a melhor nota e assim, as notas iam baixando conforme essa referência.

E é claro... eu... que andava com os nerds da classe, que era um dos últimos a ser escolhidos no futebol, tomava pau... não ia bem. Mas calma que essa história tem um porém...

Feito a prova, olhávamos o tempo... o cara mais veloz, era um tal de Ramos. E pra piorar o cara era do tipo, metido insuportável. Ele olhava o tempo dele, via que era o melhor e saía falando aos 4 cantos: - O RECORDE É MEU !!!!
Fora que ele era um dos caras que era bom em Futebol e tbém o que tinha sucesso com as menininhas.

Um dia o professor mudou o teste. Ainda era corrida, mas seria teste de longa distância. Em lugar de 80m, seria uma prova de 5min direto, correndo. Como o prof. sempre fazia em ordem alfabética, começaram a ter as primeiras baterias, cerca de uns 15 alunos por bateria... Meu nome, começava com L , logo, eu iria estar na bateria do Ramos.
Quem fizesse mais voltas em torno de 5min era o cara... o Ramos estava confiante...
E eu, estava ansioso. Pois sabia que era hora de desbancar o Ramos. Eu sabia que podia.

Explicando melhor... eu era ruim em esportes, mas eu fazia atletismo e ninguém sabia. Por que eu não ganhei do Ramos na prova de 80m? Porque a minha especialidade sempre foi longas distâncias. Eu corria bem, sabia disso, mas nunca havia me testado na escola.


O professor chama os nomes que irão correr junto. O Ramos está na minha série... é a hora da verdade.
Começa a corrida... Ramos dispara na frente. Eu vou só acompanhado o ritmo dele na maciota, estudando como ele vai proceder. Aos 2min, já vejo que ele tá num ritmo fraco, logo o ultrapasso, depois de brigarmos por algum tempo... ele tenta ficar na minha bota, mas não consegue... me vê distanciando cada vez mais. Seu reinado está acabando.
E é então quando eu percebo que uma turma de meninos, se juntaram num setor da quadra... estavam todos torcendo por mim... cada vez que eu passava por eles, eles me davam gritos de incentivo!!! Vai, vai L!!!!! Via no rosto deles o desespero, a esperança!!kkkkkkkk Eles estavam em regozijo, por saber que eu estava desbancando o Ramos. Logo eu, quem diria.. o mais nerd da turma... Parecia uma espécie de milagre!!!! Os caras estavam vendo Jesus andar sobre as águas!
Lembro que o professor deu um assovio falso, pensei que os minutos haviam encerrado... então parei e me joguei no chão de cansaço. Mas era um sinal que faltava 1min. Quando eu parei e me joguei no chão, os meninos ficaram desesperados. Me pegaram no colo, me levantaram e me empurraram, dizendo: Não acabou!!! Vai!!! E eu, fui, rumo a vitória!!! hehehehe

A classe inteira comemorou meu grande feito! Ramos, coitado, sentia-se derrotado.

Depois houveram outros testes e em todos eu dava um pau no Ramos.
Teve um dia que ele estava determinado para ganhar de mim. O professor deu a largada e ele saiu num ritmo freneticamente forte.
E eu, em vez de deixar ele ir embora, sabendo que iria morrer no gás e depois eu ultrapassaria ele de boa... resolvi duelar lado a lado, para ver até onde ele ia.
Estava num ritmo muito forte até pra mim. Mas não iria dar mole, confiava no meu potencial. E assim, foi seguindo ao lado dele, seja qual ritmo ele quisesse impor. E por mais que ele tentasse ficar na minha frente, eu não deixava... nem esse gostinho de ele ficar na minha frente por alguns momentos eu iria deixar.
Eis que aos 2min e meio, vejo ele despencar no chão. Quando olho pra trás, ele esta todo deitado contorcendo-se em dor, com a mão na região do abdômem, respirando com grande dificuldade. Parecia que estava agonizando.
Eu estava morto de cansaço tbém, mas continuei até o fim da corrida. Aliás, foi o meu recorde daquele ano, meu melhor índice...
Depois da aula de educação física, haveria mais duas. E onde estava o Ramos?
Fiquei sabendo que ele ficou tão mal, que nem a enfermaria da escola deu jeito, ele foi dispensado para a mãe dele o levar no hospital. kkkkkk

Só posso dizer... Respeita cara!!!