terça-feira, 15 de julho de 2014

Assaltado perto de casa

Se escrever ajuda um pouco, vou contar meu relato.
Essa semana fui assaltado perto de casa e resisti ao assalto.

Estava passando por uma rua estreita que dá acesso ao meu bairro por volta das 19 hrs. Há 14 anos faço esse caminho sem receio nenhum. Geralmente, nesse horário há alguns adolescentes conversando na rua. Não tão diferente, eu vi alguns deles dentro do portão de uma casa, sentados conversando.

Sem eu perceber, para na minha frente dois caras numa moto me pedindo informação, mas já com a moto impedindo minha passagem.  Parei e em pouco tempo encarei os dois, já suspeitando do que se tratava. Desce um da garupa e me diz:

-Vai passando logo a sua mochila aí !

Não sei o que deu na minha cabeça. Foi uma certa convicção. Na minha mochila não havia nada mais que livros e anotações. Decidi resistir e disse:

- Não vou dar Porra nenhuma não !

O cara me chutou na altura do joelho esquerdo. Eu vou em direção a molecada ao portão e tento fingir que os conheço e logo digo pra um deles:

- Você pode me ajudar? Estou sendo assaltado.

O meninos correm desesperados para dentro de casa. O cara da garupa nesse instante me faz ameaça de morte dizendo que está armado. Mesmo na escuridão percebo que é só sua mão simulando um revolver apontando pra mim. Ele sobe na moto e continua fazendo movimentos patéticos de ameaça, dobrando o polegar direito.

Ainda desarmados, são dois contra um. O meu plano é correr ! Em 300m sei que pode haver algum segurança do meu bairro e é isso que faço.
Corro o máximo que posso enquanto eles me perseguem de moto. Mas entram em uma rua paralela da minha casa. Estou seguro e adrenalizado. Mas a salvo.

...

O sentimento mais primitivo de enfrentar ou fugir toma meu corpo inteiro todas as vezes que lembro disso. A sensação de impotência numa hora dessas é desorientador. A vontade de resolver isso tbém.

A maior arma que esses caras utilizam é nosso medo. O mais prudente era eu ter entregado a mochila. Pois sempre há aquela hipótese: e se o cara está de fato armado. Mas dessa vez não estava.

Como disse anteriormente, não sei o que deu em mim que eu tive essa convicção de resistir. Pela forma como ele me abordou, me pareceu um tipo de furto, um trombadinha querendo tirar proveito.
Já passei por situações assim algumas vezes, fiquei intimidado e entreguei de pronto o que tinha. Isso ficou rodando na minha cabeça, um remorso de ter sido tão passivo e impotente. E fez com que eu tomasse a atitude que tomei.




quarta-feira, 2 de julho de 2014

O primeiro contato

No fundo descobri que quero um relacionamento falso. Porque o verdadeiro tem preços que não quero pagar. 

Eu queria que as pessoas frustradas com seus relacionamentos, se dessem conta disso. Que se analisassem de forma mais profunda, mais honesta. E assumissem parte dessa responsabilidade. 

Queremos algo superficial. Escondemos nossas fraquezas mais profundas com medo de não ser atraentes, ou de sermos descartáveis. Pois no fim, sabemos que é isso que fazemos com as pessoas. As descartamos quando elas não nos servem mais. Elas perdem a atração quando elas tiram as máscaras e as maquiagens. 
Como seres humanos condicionados a consumir, consumimos as pessoas tbém. Aprendemos assim e assim nos comportamos. 

Se eu pudesse no primeiro encontro ser quem eu sou. Começar a dizer meu podre ao invés daquilo que tenho de melhor. Eu sem edições... transparente...
Eu diria. Mas tenho medo de ficar só...
Só demolindo uma construção já comprometida, pode se reerguer outra com fundamentos. Não quero reforma, quero reerguer outra estrutura sobre um terreno nu. 
Então, se realmente eu quiser um relacionamento fundamentado, terá de partir de minhas partes podres, mal acabadas, desgastadas e corroídas. 

Da mesma forma, conseguirei acolher uma construção em ruínas? O preço disso eh caro. 
Prefiro algo pronto e escondido...