segunda-feira, 24 de abril de 2017

Música na Paulista

Mais uma vez a música se faz presente...na minha memória.

No fim do ano de 2016, eu comecei a pesquisar mais sobre música instrumental brasileira. Logo iria cair no encanto do Chorinho.
E pesquisando os vídeos no youtube, logo caí num grupo de meninas que tocam esse estilo.
Sempre as via na grande mídia, uns 8 ou 9 anos atrás... elas já tocavam bem, mas na época não havia essa força da internet e então não corri atrás.

Eis que no ano passadocaio em um vídeo onde duas delas fazem um dueto... a menina do bandolim, novinha... toca como gente grande. Uma interpretação arrebatadora. O virtuosismo tbém...
Fui ver outras versões da mesma música, outras interpretações... o que me chama atenção é a interpretação dela é a mais melancólica de todas... isso me intriga... como assim, tão nova ter essa expressividade?

Pronto, aquilo me conquistou... fiquei pulando de vídeo em vídeo, pesquisando mais e mais sobre o grupo. Daí vendo o estilo de vida em que levam e etc... é do tipo de pessoas que dá vontade de apertar... de ter como amigo, etc.

No ano passado fiquei nessa neura... fiquei sabendo que elas iriam dar uma palestra sobre o gênero, choro...e convidei um amigo pra ir junto. Quando ele viu o vídeo do dueto, ficou impressionado. Ele é músico... pode falar com mais propriedade.

Então fomos... e para a minha surpresa era uma palestra informal... com apenas umas 7 pessoas incluindo nós, bem próximo...sentados em uma salinha bem decorada. Aquilo foi uma porrada na cara para mim, que sou tímido... porque eu tava tão envolvido com os vídeos que eu via delas, que para mim, elas eram tipo, deusas...Quando cheguei ao local vi uma delas sentada no sofazinho esperando dar o tempo de início... a bandolinista genial...olhei e fiquei com vontade de tietar... tipo.. dizer.. meu, vc éh muito genial, toca muito bem... etc... mas não o fiz.

A palestra foi muito legal, mas eu fiquei meio travado... pq ali era tete a tete... deu pra interagir com elas e ouvir várias histórias e dar várias risadas. Mas havia o nervosismo da admiração.
Estava me sentindo um aristocrata... ter uma apresentação com uma qualidade musical daquelas, tocada por três meninas fofas... só pode se vivenciar quando vc é um aristocrata..kkkkk
Na volta, eu e meu amigo éh claro... estávamos apaixonados...

No último domingo elas se apresentaram na Av. Paulista... como eu estaria por lá, pois, todas as manhãs faço práticas 'religiosas' de manhã por ali.... iria vê-las novamente.
A Av. Paulista me sufoca.. aquele bando de gente, dispara minha fobia social.
Antes do show começar, eu dei umas andadas por lá para observar o movimento e esperar o tempo passar.
Quando começa a apresentação, vou pra bem perto do palco. Tenho a impressão que uma delas olha fixamente pra mim. Desvio o olhar, hehehehe... mas sei láh, pode ser que ela reconheceu...
No Bis elas tocam um clássico do Choro, que todos sabem cantar... e cantam juntos.
Como eu não sou de ir pra shows e etc... quando ouvi aquele povo todo cantando em minha volta.. fiquei emocionado...Aquilo é envolvente. Fora que é um clássico, não é o hit de Anita... o que me deixa mais impressionado. Senti vontade de chorar, mas me segurei.

A música termina... e a flautista se diz emocionada... com voz embargada ela fala sobre a imortalidade do autor, que está sendo homenageado e sinto que ela tbém segura o choro.

Mais uma vez a música me quebrando... foi um domingo cinzento quase chuvoso...mas a música o tornou claro e aberto.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A corrupção nossa de cada dia

Você pode até dizer que a culpa do país são dos políticos. Mas que tu é isento de atos corruptíveis, muito difícil... São pequenos atos que dão vazão aos grandes... por isso, antes de apontar o dedo na cara, eu revejo minhas atitudes...

Sexta série... devia ter por volta de uns 12 anos.

Havia aquele lance de vender rifas no período das festas juninas. A escola incentivava os alunos a venderem as tais rifas, e como recompensa para a melhor turma, ou seja, aquela que vendia mais rifas, eles prometiam uma excursão.
Esse lance já começa errado... se a escola precisa de dinheiro, sendo que ela é paga... não tem nada de ficar metendo os alunos em seus problemas administrativos. E é errado privilegiar uma turma, porque ela... vendeu mais.... coisa que não tem nada a ver com educação... seria plausível ela prometer que iria dar uma excursão para a turma com as melhores notas.... enfim, a porra toda já começa corruptível.
E eles permitiam que vendessemos doces para comprar as rifas, mó esquema errado... e proibiam o futebol maroto... 
E olha só... prometiam investir esse dinheiro para a sala de audiovisual... pufsssss.... sendo que a gente quase não usava aquele muquifo e mal trocavam os equipamentos de lá.

Enfim...

Começa a brincadeira... Como era de praxe, a turma vencedora era sempre a que tinha a professora Terezinha como coordenadora... sei lá que paranauê essa mulher fazia, acho que desenbolsava para comprar as rifas, ou tinha um monte de contatos que compravam dela... Essa era a tradição, era como se todo o ano, ela defendesse o título da classe que vendia mais rifas...
Isso é que dá, falta de sexo e objetivo na vida...

Eis que minha classe tem uma brilhante ideia... sendo que nossa coordenadora de classe era a professora Linda, que era feia pra carai... Péssima professora por sinal.
O cara mais maroto da classe, tipo, desse safados...  sugeriu que cada cabeça desse 1 real, o que na época equivaleria uns 8 reais ou 10 de hj. Com esse dinheiro ele compraria os doces para vendermos na escola e com esse dinheiro, comprássemos mais rifas e etc.
Todo mundo participou...

O cara de fato comprou os doces e distribuiu para a classe revender... Caixas de chicletes, paçocas, pé de moleque, pirulito... decks e mais decks de doces... E a classe foi pra guerra contra a classe da Terezinha.
Só que não havia tesoureiro e nenhum controle... fora que a gente via o povo que vendiam os doces, comendo doces....opa, tem coisa errada aê... o cara que administrava a parada fazia isso direto, dizendo que estava pagando do dinheiro dele.
A classe ia fazendo mais dinheiro, comprando mais doces, comprando mais rifas. Mas até aê, a corrupção já havia se instalado... eu desconfiava muito que o tal do cara pegava um por fora... não havia prestação de contas nem controle nenhum.
Eu peguei uma caixa de chicletes pra vender... mas não conseguia, pois, meu carisma é zero...
Levei a caixa pra casa... eu e minha irmã fomos comendo os chicletes e ela me dizendo: anota aê que no final a gente paga... Só que eu não anotava porra nenhuma e quando dei por mim, comemos a caixa de chicletes toda. Não fazia a mínima ideia de quanto teria de pagar por aquilo...
Eu poderia não fazer nada, já que ninguém sabia que eu tinha pego a caixa para vender.
Mas, cheguei pro cara que organizava a parada, dei dois reais pra ele dizendo: Tá aqui o que eu consegui vender de chicletes.
Eles simplesmente pôs o dinheiro no bolso da calça!!!! kkkkkkkkk .....

A guerra contra a Terezinha virou pessoal... não me lembro mas criou-se uma rivalidade, acho que ela estava trapaceando em alguma coisa, vendo que a gente tava fazendo frente, quase ganhando da classe dela. Ela deve ter maquinado algo, que achamos injusto.
Teve um dia que o pote de paçoca caiu toda no chão... os neguim em vez de jogar fora... pegaram todas as paçocas que ficaram intactas e puseram no pote para revender.... e para batizar o feito, ofereceram um para a Terezinha... que inocentemente comeu !!!!

Cara, nós tínhamos 12 anos e fazíamos toda essa parada errada. Imagina esse povo no Congresso....

No fim a Terezinha ganhou... a Linda elogiou o nosso trabalho... e o menino lá que organizou, ficou rico.

Hoje, devido a denúncias anônimas... reabriu-se o inquérito com a investigação da Polícia Federal... Chama-se operação Willy Wonka...kkkkkkk

Eu fui pego na investigação... minha pena é de 12 anos... mediante delação premiada, estou nesse blog, ameaçando citar alguns nomes que fizeram parte dessa operação, para possíveis negociações.













quarta-feira, 5 de abril de 2017

Soneto de Bach

Esses dias nos intervalos que tenho entre minhas práticas meditativas, tenho pego meu violão.
Fazia uns 2 anos que eu não tocava, sempre toquei mal, não tenho talento pra coisa.

Pra minha surpresa... mesmo sem praticar, hj me sinto mais maduro e estou tocando melhor. Não digo em relação a fluência, mas expressão. A meditação desacerela um bocado a mente, logo, sua percepção das notas melhora... tbém melhora seu foco e presença. Sinto-me mais espontâneo e generoso comigo e com minhas limitações. O importante é se sentir bem tocando.

Peguei as antigas partituras e fui relembrando as músicas que eu estudava.

Lembrei de uma música que eu gostava de tocar, um Soneto de Bach. Pra minha surpresa, tirei a música e a decorei mais rápido do que eu imaginava.
Logo lembrei....

Que na verdade, eu tentei tirar essa música na época para tentar impressionar uma menina. Ela tocou esse soneto no piano e disse que gostava dele.... Aí eu passei a semana inteira apanhando tentando aprender a tocar essa música com fluência, mas não rolou. Estava acima de minha capacidade na época.

Não toquei o soneto e na mesma semana... queria me declarar pra ela. Fiquei pensando éh hj, éh hj...
Combinamos de ir juntos até determinada rua, ao sairmos da escola. Tinha até aquele ponto pra tomar coragem... fiquei adiando o momento... Até que nos despedimos, sem que eu dissesse nada.

Não toquei o Soneto. Não toquei os seus lábios. Apenas a acompanhei virando a esquina... seria a última vez que a veria pessoalmente.
Em meses, eu viajaria para o Japão, para trabalhar.