terça-feira, 10 de abril de 2018

Musicalidade ou espiritualidade?

Cresci num ambiente pouco artístico, como muitos.

Descobri um pouco desse universo com alguns colegas que gostavam de música.
Até então meu mundo era... do gosto ou não gosto, sem refletir muito sobre processos artísticos.

Teve uma época em que eu quis aprender um instrumento. Então pela primeira vez, acredite... com 17 anos... enfim eu tive contato com a reflexão sobre o que se faz.
Sim, na escola ou em qualquer outro ambiente, eu nunca fui apresentado a reflexão... mas ao conhecer o ambiente musical...que é artístico, não teria como fugir disso... se eu quisesse ao menos tocar algo, eu teria que refletir sobre questões técnicas, interpretativas... etc.
Antes eu era apenas um bitolado que fazia as coisas... o mundo parecia funcionar assim ao meu redor. 

Fiquei fascinado...achei que isso era um atributo apenas de músicos e passei então a respeitar e a idolatrar qualquer pessoa que fosse do ramo musical... e confesso que hj, ainda tenho um pouco dessa tendência romântica....
Depois descobri a literatura e a espiritualidade. Li tanto livros clássicos e acadêmicos como livros de tradições espirituais... e ambos, me apresentaram tbém essa dimensão do refletir, criticar e se transformar.

Como a música foi meu primeiro contato com esse tipo de pensamento... para mim hj, ela é quase uma religião... Mas aos poucos estou desconstruindo esse processo de idolatria.
Até hj a música é uma linguagem misteriosa para mim. Por isso que ainda romantizo muito pessoa que tem talento musical... é como se para mim, elas fossem dotadas de algum atributo especial...
Mas talvez seja apenas uma projeção minha.... de não ter conseguido aprender um instrumento decentemente e tampouco aprendido de fato a linguagem musical básica...






Expressão

Estou invertendo processos interiores.

Na minha juventude eu me interessei por artes... em geral foi literatura e música.
Na minha imaturidade pensei que o estudo dessas artes precediam aquilo que eu sentia. Como se tivesse algo pronto ou certo de como ouvir e como ler.
É importante sim, estudar e entender esteticamente cada período e cada proposta artística. Mas hj sinto que antes dessa investigação, o importante é investigar a si mesmo, amadurecer e depois partir para o conhecimento. Encarar as técnicas, os modelos não como verdade de expressão absoluta... mas apenas como um ângulo de visão, sem certo ou errado.. apenas contextuamente.

Achei então que tinha de saber para ter opinião... então fiquei mais preocupado em coletar conceitos e conhecimento, antes de experenciar por mim mesmo aquilo que se apresentava. Logo, confundi a arte com conhecimento... sendo que arte antes de tudo é expressão.

Tudo isso é insegurança de adolescente que precisa provar seu lugar ao mundo... .um lugar que não existe... e que não é relevane no final.. Tudo isso faz parte de uma pretensão, de uma arrogância....

Hj estou buscando a simplicidade na expressão. Caso eu não compreenda uma expressão eu não tento forçar através da opinião de outras pessoas. Simplesmente eu digo que não entendo, ou digo que algo não me comove, ou digo que não tenho maturidade nem ferramentas para apreciar tal coisa.
Antes, eu me fingia de entendido e falava bem de tal coisa por insegurança.... hj não forço mais a barra, deixo a coisa fluir.