Cresci num ambiente pouco artístico, como muitos.
Descobri um pouco desse universo com alguns colegas que gostavam de música.
Até então meu mundo era... do gosto ou não gosto, sem refletir muito sobre processos artísticos.
Teve uma época em que eu quis aprender um instrumento. Então pela primeira vez, acredite... com 17 anos... enfim eu tive contato com a reflexão sobre o que se faz.
Sim, na escola ou em qualquer outro ambiente, eu nunca fui apresentado a reflexão... mas ao conhecer o ambiente musical...que é artístico, não teria como fugir disso... se eu quisesse ao menos tocar algo, eu teria que refletir sobre questões técnicas, interpretativas... etc.
Antes eu era apenas um bitolado que fazia as coisas... o mundo parecia funcionar assim ao meu redor.
Fiquei fascinado...achei que isso era um atributo apenas de músicos e passei então a respeitar e a idolatrar qualquer pessoa que fosse do ramo musical... e confesso que hj, ainda tenho um pouco dessa tendência romântica....
Depois descobri a literatura e a espiritualidade. Li tanto livros clássicos e acadêmicos como livros de tradições espirituais... e ambos, me apresentaram tbém essa dimensão do refletir, criticar e se transformar.
Como a música foi meu primeiro contato com esse tipo de pensamento... para mim hj, ela é quase uma religião... Mas aos poucos estou desconstruindo esse processo de idolatria.
Até hj a música é uma linguagem misteriosa para mim. Por isso que ainda romantizo muito pessoa que tem talento musical... é como se para mim, elas fossem dotadas de algum atributo especial...
Mas talvez seja apenas uma projeção minha.... de não ter conseguido aprender um instrumento decentemente e tampouco aprendido de fato a linguagem musical básica...
terça-feira, 10 de abril de 2018
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