domingo, 10 de fevereiro de 2019

Espinhos e barreiras

Aos 16 anos eu comecei a me interessar por literatura...

Não sei o que deu na minha cabeça que pensei que teria de desenvolver minha inteligência, melhorar meu vocabulário. Daí comecei a pegar os livros que tinha disponível na estante da minha casa e fazer leituras.

Dois livros foram a base para eu enriquecer meu vocabulário. Lucíola de José de Alencar e Lira dos Vinte anos de Álvares de Azevedo.
 
A verdade que eu não entendia nada.. lia e relia várias vezes capítulos, textos e poesias... para ver se assimilava alguma coisa... mas nessa época eu era um principiante a leitor... e é um processo muito duro e difícil...
Não havia internet ... eu não tinha amigos.. nem familiares que se interessasse por literatura.. eu não tinha com quem pegar referências, dicas, com quem eu pudesse conversar.

Fui sozinho, buscando livros em sebos. Lendo livros escolares para construir conhecimento. Nessa época, meu professor de português era um doido da cabeça que não dava aulas. Simplesmente ele não dava aulas.

Buscava na Televisão conhecer mais... ligado na Tv cultura, qualquer entrevista, qualquer video aula, qualquer coisa que tivesse ligação com literatura. Era árduo assim...
Lembro de ficar esperando até a madrugada, onde o Prof. Pasquale tinha um programa e de vez em nunca ele analisava uma poesia... e fazia uma entrevista com um escritor ou um músico. Mas isso não passava de 15min de conteúdo.

Era assim... uma vida solitária... quando a internet ficou mais acessível... carecia de conteúdo. O youtube não existia... e todas as amizades que eu tentava fazer virtualmente relacionada ao interesse com literatura, não davam certo.
Só tem povo maluco na internet.

Quando fiz um ano de cursinho... ia para as aulas de sábado onde poderia praticar redação e fazer as aulas dos livros listados para a fuvest...
Mas a professora era interrompida de 15 e 15min, por algum aluno que gostava dela e queria falar com ela.
Sempre, no meio da aula, via alguém pela janelinha de vidro da porta, dar tchauzinho e cumprimentá-la .. então era sempre parava a aula e ia lá dar atenção.
A aula não fluía... e assim foi... 
Eu ficava pensando.. por que era para ser tudo tão difícil assim? Será que querer mais conhecimento, ter mais consciência, ter espírito crítico é um crime?
Por que não tive nenhum professor competente, interessado em transmitir conhecimento? Por que simplesmente ninguém se importa?

Até hj não tenho respostas... simplesmente perdi meu interesse por literatura.. por ler por correr atrás.
Hj estou mais maduro, sei que se retomar a leitura será mais fluida e mais crítica.. mas estou cansado desse processo.
Mas sou grato por essa caminhada... me abriu a cabeça pra muitas coisas... e me ajudou em outras áreas do conhecimento... hj consigo ler e entender um texto com clareza, sem grandes dificuldades.
Aprendi sobre períodos históricos, obtive uma noção de estética.. de contexto.. que não seria possível se eu não tivesse exercitado esse lado, com meu interesse por literatura.

Mas ainda continuo sozinho... sem ter o que dizer, sem alguém para ouvir o que tenho para dizer...
Como sempre digo por aqui... as coisas para mim parecem trancadas... não fluem...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Aulas de violão

Na minha ignorância, eu achava que as pessoas nasciam com uma aptidão adquirida e caso eu não nascesse com essa aptidão, jamais poderia desenvolvê-la.
Nunca havia passado na minha cabeça que eu poderia tocar um instrumento. Pois, eu olhava qualquer instrumento e não sabia o que fazer com ele.

Até que um dia um colega de escola disse que isso não tinha fundamento. Era só entrar em uma escola de música que qualquer pessoa tem o potencial de aprender.
Isso foi revolucionário pra mim...
Logo que demonstrei interesse, um tio meu que tocava violão e era cego... se propôs a me dar algumas aulas antes que meus pais comprassem um instrumento... e ele me emprestou um violão.

Fiz algumas aulas e fui pegando aos poucos... mas não me dedicava. E até hj eu não aprendi a tocar.
Eu tiro algumas músicas, dedilho...mas eu digo... não tem musicalidade, nem consistência no que faço. Imagina alguém que reproduz um texto ou uma poesia mas que não sabe o que está falando.
É tipo isso que acontece comigo... eu reproduzo notas.
Ou mesmo uma pessoa alfabetizada... conhece as letras e sabe decodificá-las... mas é um analfabeto funcional. Não tem a capacidade de interpretar um texto corretamente, pois lhe foge a compreensão.
É tipo isso tbém que acontece comigo.

Entrei nesse assunto...
Porque dentro dessa minha jornada de querer tocar... sempre sonhei em fazer parceria com uma moça que cantasse bem. E isso nunca aconteceu.
Todas as bandas que formei.. além de eu tocar mal... os vocalistas não sabiam cantar uma nota afinada.  Era frustrante ao extremo.
É curioso... que parece que tudo na minha vida é atravancado.. não flui... não acontece..
Como se eu fosse incapaz de fazer algo direito.. com qualidade.
Demorou um pouco para eu enxergar todas as minhas deficiências... e fato que não consegui corrigi-las, mas hj ao menos eu entendo as causas do meu não desenvolvimento.

Estava vendo um vídeo de um amigo meu... que abriu um canal com uma cantora, até que famosinha. Dessas bandas formadas em Reality Show... e era justamente isso que eu queria ter realizado na minha vida.
Tocar ao lado de uma mina que cante bem... porque isso me emociona.. Porque sou homem e sinto atração por mulheres que cantam bem, ou tem um viés artístico. Porque a voz feminina me soa mais agradável que a masculina...
Enfim... é ele no violão, fazendo uns arranjos interessantes e ela com sua voz, carisma e potência... reinterpretando músicas famosas.
Não sinto inveja, nem frustração quando vejo seus vídeos... Sinto orgulho de ter um amigo que toca bem. É o talento dele, é o percurso dele... são os frutos que ele colheu por sua diligência.
O fato de eu ser amigo dele.. não me faz músico... nem especial... os méritos são dele.