quinta-feira, 8 de abril de 2021

Viagem a Lua parte II

Se vc não leu a postagem anterior, leia porque esta é uma continuação daquela. 

Enfim... lembrei de toda essa história porque acabei de ler a Autobiografia de : Neil Armostrong. 

O livro se chama o Primeiro Homem. Comprei no Kindle e não me arrependi. 

Lembra daquela criança fascinada e desamparada pelo mundo? Talvez a fascinação dela pela ciência e histórias extraordinária não havia morrido. E vou explicar porque. 

Recomendo a leitura do livro. Não quero comentar muito. Mas saber mais da personalidade de Neil Armostrong, foi como colocar aquela criança no colo e ler histórias para dormir. 

Algumas passagens do livro são um pouco difíceis. Detalhes da vida de seus antepassados, árvore genealógica, que são importantes mas difíceis de assimilar. Aos poucos o livro vai construindo a tragetória de Neil, seu interesse por aviação, como ingressou na marinha e sua carreira como piloto de testes e sua saga na Guerra da Coreia. A coisa vai esquentando e chega no ápice ao meu ver, quando ele é aceito para ser um astronauta e dali pra diante, se detalha diversas missões até chegar aos detalhes do voo da Apollo 11. 

Pra mim foi a parte mais interessante do livro, afinal, é a lacuna que ficou no coração daquele menino entusiasmado pela corrida espacial. Hoje, um pouco mais maduro, apto a entender os motivos políticos, a ambição humana, as fraquezas também... e mesmo  lidando com menos romantismo sobre o assunto, ainda encantado e inocente como uma virgem apaixonada. 

Depois de ler o livro e ter me emocionado... assisti um documentário da History, que é baseado nesse livro. E nesse doc. havia filmagens da passagem do livro. Minha emoção ao ver aquilo em filmagens, costurando com toda a leitura detalhada que eu fiz, foi uma explosão de emoção. 

Ao término do doc. lágrimas escorriam de meus olhos. Ainda contidas.. e eu enquanto me recompunha da emoção, logo vi outro vídeo, que fazia um breve resumo da missão apollo 11, em comemoração aos 50 anos da missão. É um vídeo da Globo, uma matéria muito bem feita e editada. 

Quando clico no conteúdo... sem exageros.. eu não conseguia parar de chorar com as imagens que eu estava assistindo. E chorava, chorava sem conseguir me conter. 

Não sei o que acontece. Mas esse tema mexe tanto comigo. Mas tanto... 

Resgatou aquele menino entusiasmado? Talvez.. será que talvez preencheu aquela lacuna que ficou?

Preencheu a indiferença de Tia Cláudia?


Não sei.. Só sei que agora quero digerir essas emoções e esquecer do meu passado.

A viagem pra Lua

 Eu devia ter uns 8 anos, quando na escola e talvez pela primeira vez, ouvi falar que o homem havia pisado na Lua.

A lembrança extraordinária que eu tinha da Lua, devia ser quando eu tinha por volta de uns 5 anos. Em uma noite, tive a sensação que a lua me perseguia. Por onde andava ela estava lá. E na minha cabeça de criança louca, imaginei que a Lua aparecia pra mim enquanto olhava pra ela. Tentava olhar repentinamente, achando que ia enganá-la. Coloquei na minha cabeça uma hipótese de que, enquanto não estivesse olhando pra ela, talvez ela não estivesse me perseguindo. Ou seja, tentava surpreende-la, e quando olhava repentinamente para cima tentando pega-la de surpresa, lá estava ela me perseguindo. 

 Lembro-me que tinha um dicionário em minha casa; era meio dicionário e meio enciclopédia. Ali, havia umas imagens do sistema solar. Foi quando pela primeira vez, eu fiquei sabendo que havia outros planetas além do planeta Terra. Na minha cabeça ingênua eu ficava deslumbrado, imaginando que talvez ali poderia ter vida, ou vida inteligente. Até aos poucos, ir construindo conhecimento e tirando a minha dúvida a respeito, fiquei sabendo que apenas nosso planeta Terra era o único planeta habitado por vida complexa.  

Nesse dicionário/enciclopédia, também havia algumas imagens de foguetes e de astronautas. Eu fiquei maluco com essas imagens, por saber que era possível navegar no espaço. Agora, não me lembro se vi essas figuras antes de saber da corrida espacial, ou antes. Fato é que quando foi de meu conhecimento sobre o programa Apollo 11, ou melhor, para uma criança, a viagem do Homem a Lua, eu logo recorri a esse dicionário/enciclopédia e ficava por horas vendo as figuras e me deleitando com aquilo que eu julgava extraordinário. 

Se fosse pra eu traduzir o que sentia... é como se eu estivesse apaixonado. Sensação de estar apaixonado. Era um sentimento de transcendência, ou de algo sublime, que eu não sabia colocar em palavras. 

Minha professora explicou, mas tenho uma memória pouco precisa sobre sua aula. Com certeza eu era um dos alunos mais fascinado pela aula. Lembro-me vagamente que ela falou que o foguete tinha 3 estágios. E dos três que foram pra missão, um ficou no módulo de comando e não pisou na Lua. 

Era Michael Collins.. Coitado pensei, fiquei com pena dele. Mas tinha o meu heroi, àquele que foi o primeiro homem a pisar na Lua. Neil Armstrong. E o segundo e não menos importante, Edwin Aldrin. 

Eu sempre fui um aluno desinteressado por tudo o que aprendia na escola. Porque tudo me parecia chato e inútil. Mas saber da corrida espacial, nem parecia uma aula. Parecia um programa legal de televisão. Logo, eu decorei o nome dos astronautas. Também creio que a professora falou, antes, do primeiro satélite a ser enviado em órbita da lua, depois sobre a pobre cachorrinha Laika que não voltou com vida e finalmente o primeiro homem a ir pro espaço, que foi Yuri Gagarin. O qual eu tbém nutria um grande respeito, visto que esse nome jamais se apagou da minha cabeça. 

Mas infelizmente, não era época da internet onde vc poderia em uma pesquisa simples, se aprofundar no assunto. Eu tinha sede de saber mais, querer conteúdos, livros, saber das histórias.. E isso não aconteceu. Teria que ter alguém que olhasse pra aquela pobre criança deslumbrada e estimulasse ou orientasse com algum material, ou visita em algum planetário ou qualquer coisa do tipo, que não aconteceu. 

Foi na semana em que eu tive a aula da corrida espacial que minha professora falou algo que me deixou muito ansioso. Ela falou que iria trazer a gravação do lancamento da missão Apollo 11. Acho que algum parente dela tinha um disco de vinil, que tinha essa gravação da viagem do homem a Lua. 

Foram dias de ansiedade, esperando o momento em que eu iria ouvir. Não estava nem acreditando que era possível alguém ter esse tipo de material. Claro que eu queria algo pra mim, mas nem era do meu escopo, pedir pro meu pai comprar o disco em que tinha a gravação da viagem do homem a Lua. Era como se aquilo deveria ser muito caro, antigo e inútil. 

E eu lembro da professora então preparar o tocador de vinil para a gente ouvir a gravação. Até o carinha do Audiovisual trazer o aparelho, demorou um pouco. E como já era a última aula, já havíamos estourado o tempo. Mas a professora pediu que atrasássemos um pouco para podermos ao menos ouvir o lançamento. 

Nossa, como eu me senti emocionado com aquilo. E no final ela colocou o trechinho da fala do Armstrong: Um pequeno passo para o homem, um grande salto pra humanidade. Estava em inglês, mas pra mim não importava. Aquilo era extasiante. 

Como eu voltava de perua, a tia Cláudia estava puta da vida com o meu atraso. Estava preocupada que iria atrasar a entrega das crianças em suas respectivas casas. Eu estava ainda em êxtase com a gravação e logo expliquei pra ela com a informação extraordinária: - Eu me atrasei pq minha professora pôs pra tocar a gravação da viagem do homem a Lua! , na minha inocência, achando que aquilo justificava o meu atraso, e que de fato era algo extraordinário e que ela ia ficar surpresa e encantada com tal informação. Mas a Cláudia se mostrou indiferente, pois, afinal dirigir uma perua e entregar as crianças para seus clientes no horário, chegar em casa e poder descansar após um dia cansativo de trabalho o quanto antes, era mais prioritário que a fascinação de uma criança pela ciência. 

Confesso que não entendi tamanha indiferença da Tia Cláudio para com tudo isso. 

E logo, esse meu interesse não foi alimentado. E se dissipou como nuvens no céu.



quinta-feira, 25 de março de 2021

Infância corrompida

Se tem uma coisa que aprendi a gostar desde pequeno, essa coisa foi vídeo-game. Vídeo game e Fliperama. 

Pra quem não viveu essa época, estou com preguiça de explicar como era. Posso tentar. Mas vc pode dar um google e ver como é. 

 Os anos 90 era uma época em que éramos  crianças largadas pro mundo. Nos anos 90, não havia supervisão na infância. Isso talvez fosse para poucos privilegiados. 

E assim sobrevivemos a esse fatídico tempo. 

 Mas voltando...

 Não tenho uma memória clara das coisas. Mas quando vc ia para um Shopping, além de querer comer no Mac Donald´s, e depios de barriga cheia, vc iria inevitavelmente ir para o Playland se divertir. Onde havia misturado com brinquedos infantis, a famosa seção do fliperama. E era lá que nós os garotinhos rumavam ansiosos. 

 Eu devia ter por volta de 8 ou 9 anos. 

 E foi chocante pra mim.. Pois em meu coração havia inocência ainda. Mas tbém havia a semente da maldade. 

 Tinha um jogo que chamava Pit Fighter. Era um jogo que usava uma técnica de captura de vídeo, e isso deixava os personagens com aspecto real. Se vc não conhece o jogo, dá um google aí e vc vai entender o que eu tô falando

 Porém, tente não ser anacrônico. Hj o jogo é ridículo. Mas para a cabeça de um garoto de 8 anos nos anos 90, aquilo era muito próximo da realidade. E esse aspecto de parecer real, me deixava assustado.Com 8 anos, vc não sabe bem ao certo, distinguir realidade e ficção. Ficava em dúvida, se aquele ambiente existia clandestinamente no mundo real. Como se aquilo fosse a reprodução do mundo real que ainda eu não conhecia.

Pit Fighter era um jogo no estilo briga de rua. Mas o cenário era um salão, do tipo danceteria, boate ou balada.. seja lá o que for. Vc escolhia um dentre 3 lutadores e caía na porrada dentro desse salão com um outro lutador. 

Em volta dos lutadores havia o público. Havia armas e barris tbém que vc podia pegar para por assim dizer, arremessar no seu adversário. Eu dificilmente passava do primeiro oponente. Que diga-se de passagem era assustador. Ele usava um capuz, estilo carrasco da idade média. E isso para um garoto de 8 anos, ainda inocente, dava medo. Se vc recuasse demais e topasse com as pessoas em volta do salão, vc era imediatamente empurrado ou esfaqueado. O jogo era mto violento. E isso me causava um certo fascínio.

E confesso... eu achava aquilo subversivo demais. Ao mesmo tempo, era atraído por aquele universo cruel e violento. Tinha um sentimento dúbio dentro de mim.. do tipo, tô fazendo merda.. mas isso é muito louco. 

E caso vc ganhasse a luta, aparecia seu lutador em cima de uma empilhadeira. Seu personagem era premiado com dólares e em volta, mulheres vestidas com roupas sensuais complementavam o cenário. 

E eu com meus 8 anos, sempre que ia pro Shopping, corria pra comprar uma ficha e poder chafurdar nesse universo.