segunda-feira, 25 de março de 2024

Diário, Diário

 Uma das primeiras artes depois do desenho que tentei me expressar, foi através da escrita. Foi aos 17 anos, quando pela primeira vez peguei um livro de poemas de Álvares de Azevedo, para ter alguma referência e por onde começar.
Estava bem ansioso nessa época e com pretensão de adolescente de ser um grande escritor. Mas também havia humildade em mim, em saber que eu estava longe de ser um escritor.
Nessa época eu pensava em fazer Letras, porque, estudando profundamente o português, isso me traria ferramentas para me tornar um poeta.

É claro que eu não tinha inclinação nenhuma para me formar em Letras. Estava numa depressão profunda e estava forçando um interesse em algo pra me dar um rumo. Logo depois, eu pensei em enveredar pelo estudo musical que foi também uma ilusão profunda.

Não me julgo. Eu realmente não estava bem emocionalmente e tinha meus motivos e não eram poucos e nem tampouco fáceis de lidar. Eu não sabia em que buraco já havia me enfiado e quanto do lodo ainda iria me submergir. Fico até triste e angustiado de lembrar disso. Estava realmente impotente diante das situações. Mas isso vinha se arrastando desde que eu tinha 8 anos de idade ou menos.

Hoje escrevo sem pretensão literária. É estranho perceber que você não precisa ser um escritor pra treinar escrita.
Porque iniciei há pouco tempo o hábito de escrever um diário. A ideia veio, pela necessidade de eu exercitar minha expressão e comunicação.
Como não tenho nada de relevante pra relatar, eu decidir fazer um diário e escrever sobre a minha rotina irrelevante.
Pode ser irrelevante, mas serve ao menos para o autoconheciemento. Ter um diário e reler, muda um pouco a perscpectiva de como encaramos nossas atividades cotidianas e nossa percepção do tempo.
Não vou entrar em detalhes aqui, mas tem sido um exercicio interessante.
Logo mais tratarei desse assunto nesse Blog. 

E também tudo começou com a postagem anterior. Onde escrevi que poderia começar a escrever despretensiosamente. E por mais que você não seja um escritor, só o fato de ser alfabetizado e conseguir se expressar em palavras e deixar um registro de passagens da vida.. é algo extraordinário que não deve ser ignorado.
É uma ferramenta poderosa de expressão, contemplação e de registros.
Relendo meus diários, vejo o quanto somos limitados em reter informações em suas minúcias. E confundimos a percepção do tempo.
Não temos habilidade de recordar minuciosamente o que comemos ou pequenas coisas que fizemos.
Quando se registra isso, em detalhes e se volta para ler... isso dá uma noção de como o dia a dia passa rápido através de coisas irrelevantes que fazemos. Nossa vida é linear, com poucos arroubos.
Estou escrevendo todos os dias sem falta. Vou tentar ter o registro de um ano. Isso vai mudar a forma como eu vejo as coisas. Com certeza.

Bem aventurados àqueles que tem o hábito de escrever diários.