terça-feira, 22 de abril de 2014

O vento


Da lisa face branda, branca lisa
Que o vento oportunista acaricia
E rouba o perfume dos cabelos
Que outrora repousavam brandamente

Eu faço um canto louco, desvairado
Não pude ser o ar em movimento
nem sopro de esperança afetivo
Só fui um rosto em treva ao luar sinistro

E ao voltar a minha mesa, abatido
Soprei como um insano versos loucos
Na mesa as folhas voavam e era o vento
Que volvia novamente pra zombar-me
E imperdoavelmente foi falando
Oh vate! os teus sopros nada valem!

Confusão


Fazia sol e chovia
O dia estava quente
A água estava fria
Meus olhos pranteavam
Minha alma sorria

E na chuva
Brincavam as meninas
Que ao ar inocente de um novo dia
Banhavam-se na chuva de verão

O arco-íris cruzava o céu mimoso
Imenso, azul, anil e vigoroso
No alto da montanha eu contemplava
e a benta gota dágua resvalava

Eram anjos inocentes
Confundiam a minha mente
Na chuva fria
No dia quente.



O bom religioso


Ia a igreja pra catar as menininhas
Também jogava um charme nas freiras bonitinhas
Confessava ao padre meus pecados sexuais
E assim me convidavam pras orgias semanais

Fazia catecismo, fingia-me resignado
E assim todas as virgens por mim se apaixonavam
Chegava em minha casa e não lia os livros certos
Era o Byron Brasileiro e o Boca do Inferno!

Era eu o mais querido da igreja
Contudo nos fins de semana
Usava drogas e me entupia com cerveja

Santificada seja a freira que me almeja
Gozarás em minha cama
Que assim seja!

Feliz Aniversário


Comemorei meu aniversário
Entre fantasmas mercenários, abraços pagos e comprimentos dúbios

No galpão sombrio e improvisado
a música era fúnebre e a pista de dança vazia
Entediados e já de estômago cheios
todos esperavam ansiosamente o corte do bolo

Trouxeram-me então as velas negras moldadas com meus anos passados
Nelas, atearam a chama do desprezo que reacendia mais ardente e vigorosa
a cada sopro meu.

Cortei o bolo como um suicida corta os próprios pulsos
e sem ter a quem dedicar o primeiro pedaço
ofereci a mim mesmo a primeira fatia
Sentei-me solitário e contemplei cada travo de meus anos passados

Para depois deitar em minha cama decrépita
e receber meu único e derradeiro presente

Um terrível pesadelo !

Quatro dias embriagado

Quando bebo não preciso de teus beijos
Que a espuma é tão macia qual seus lábios
E o álcool que passeia em minhas veias
São mais quentes e afáveis que teu braços
Quatro latas de cerveja custam pouco
Ao contraste de uma noite ao teu lado

Que ciciar o abrir de uma lata
Mais suave que uma longa serenata
E o dourado que o copo vítreo encerra
tem mais brilho do que o ouro que se esmera
E aquece mais que o sol da primavera

No meu quarto obscuro eu bebo tanto
E na minha embriaguez meus sonhos cantam
Não preciso de amigos, poesia
Estou bêbado e a arte me é inútil !

Enquanto a bebida me aquece
Não preciso de você
Vê se me esquece !

Tatita


Tatita Lima

Tatita tem doçura quando fala
Tem uma voz que me ampara
A beleza que me abranda

Tatita tem mistério que me encanta
diz palavras que me amarra
tem os olhos de quem ama

Tatia é a distância do que sinto
É o meu grito reprimido
É o meu sonho não vivido
  
Tatita lima meu verso
é meu lado perverso
é meu poema disperso…