quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

lágrimas em palavras

Homem, descendente de japoneses, duro e enrijecido... com dificuldade de chorar.

Assim, dissimulando a minha patética fragilidade... escrevo um monte de asneiras, cheio de ironias, de amargor... para esconder a minha fraqueza.. aquilo que em mim, está preso e eu não consigo cuspir.

Essa é a única forma que eu tenho de me defender e enganar a mim mesmo.
Lágrimas em forma de palavras.

Um dia, um nunca

Como seria se um dia sentássemos para conversar?

Eu ficaria extremamente nervoso. Pois as palavras que não saíram há 20 anos atrás de minha boca, talvez fluíssem...
Toda a curiosidade, fascinação, projeção... sairia da minha mente para a boca...
Esse instante para mim seria um milagre, para ela, mais um dia cotidiano.

Injusto se por abaixo de uma hierarquia... como no poema.. me sinto inferior, pecador, limitado...
Ela... não ... ela, a beleza de um anjo... um sorriso devastador, um perfume sufocante.. uma luz em meio a escuridão... e eu a própria sombra de sua luz.. .como todos ali.

Aquele silêncio era um pedido de socorro... o silêncio de hj seria cautela, timidez... ou mesmo, bloqueio... ando ainda calado...escrevendo pouco, falando pouco, sonhando pouco.

Eu sei que estar ao lado dela, seria apenas um instante de vida.. um nada...
há pessoas que não nasceram para ter algum contato.. seus destinos são rios distantes...
sinto isso o tempo todo,  com todas as pessoas que admiro.


domingo, 23 de dezembro de 2018

Expressão

É recorrente eu chegar aqui e tentar escrever sobre minha experiência musical.
Tentei aprender violão, mas na verdade o que eu tava em busca era aprender a linguagem musical.
Mas trazendo mais pra trás, na verdade eu queria é achar alguma ferramenta de expressão artística.
Em todas as atividades artísticas que me engajei... fracassei.

Quando pequeno eu tentava desenhar... depois veia a música.. e depois eu tentei a escrita.

Demorei anos para perceber certos problemas que haviam comigo... sempre me perguntei por qual motivo eu não conseguia me desenvolver em nada.
A verdade é que hj, eu penso que o autoconhecimento precede a expressão artística...
Alguns tem naturalmente uma tendência a saber se comunicar ou se expressar seja qual ferramenta que for, ou aquela que melhor se identifica.

Eu não se explicar direito... a verdade é que desde a pré adolescência aconteceu comigo uma desconexão.  Talvez por alguns traumas que eu passei.. eu meio que me desliguei de minha sensação, de minha alma.
Eu vejo assim... vc tem a inteligência conceitual... e essa é muito estimulada no processo de educação ocidental. Mas existe a inteligência emocional.. esta é negligenciada..
Mesmo matérias como arte na escola... não é bem direcionada.. no fim, eles empurram em vc mais e mais conceitos, mais e mais cobranças, que no fim vira só mais uma ferramenta de opressão, o que seria para ser uma libertação... ou um estímulo ao espírito crítico, criação... etc.

Com meditação fui aos poucos descobrindo o que é expressão... acontece é que eu me reprimi tanto, durante tanto tempo.. que tudo o que fazia, toda a atividade... era sem expressão... e sem vida.
Cadáver vivo, ou robô... assim, eu fui vivendo.. não sei explicar com palavras... só quem passou por isso, pode saber o que éh.Tem gente que é assim, mas não se percebe.

Quando aos poucos vou recuperando a minha capacidade de expressão... vejo o quanto é natural... vc querer se expressar de alguma maneira.. seja pela fala, pelo corpo... ou pelo som...
E é aí que gostaria de enfatizar... vc pode estimular alguém a tocar um instrumento, a dançar ou seja lá o que for...
mas o mais importante... é primeiro que o indivíduo se conecte com aquilo que é mais básico nele... a expressão, a emoção.. o sentimento.. em contato com isso, e conhecendo bem isso... naturalmente ele vai buscar uma ferramenta para se expressar.
Aí sim faz sentido ele fazer estudos.. entra a técnica... que seria ele aumentar sua capacidade de repertório, e a eficiência com que ele irá transmitir sua mensagem. Ou seja, ele vai expressar aquilo que não tem como descrever em palavras, imagens... aquilo que não se dá pra conceituar.
O que sinto, é que eu fiz o processo contrário.. me enchi de conceitos e conhecimento, antes de tentar achar em mim mesmo, a minha própria experiência.. como se arte, fosse uma forma... uma fórmula...
mas não éh.

Deve ser por isso que como seres humanos, produzimos cultura.. éh uma necessidade essencial.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Distância

Depressão, ela te atinge... por inúmeros fatores.

Só sei que dessa experiência tiro lições.
Ninguém quer se envolver com um deprimido.. é difícil entendê-lo e fácil julgá-lo.  E eu sei o quanto é difícil mesmo aturar alguém que não se atura.

Mas busquei ajuda profissional. Apesar de toda a dificuldade de sentir, ainda havia em mim uma frestinha de discernimento e consciência.
E aos poucos fui percebendo que só eu podia entender o que se passava comigo. E isso não é privilégio meu, mas só cada um pode saber o que se passa na própria cabeça... sendo experiência de dor, alegria ou prazer.

Não sei explicar, não tenho como explicar o que é não sentir. Estava em um estado de dor intenso...
Se o terapeuta não entender isso.. que simplesmente a pessoa a sua frente é um cadáver vivo... ela não tem como ajudar. E eu sei o que é sentir-se assim.

Quais os motivos que te fazem chegar a esse estado? Não sei dizer ao certo.. tenho algumas hipóteses, mas nada é simples assim.
É fato que eu me senti... de certa forma impotente e abusado psicologicamente.. Não sexualmente.. mas os sintomas que eu tive, são muito semelhantes ao que as vítimas de abuso sexual sofre.
E a pior de todas é vc mesmo se sentir culpado pela situação... ou responsabilizado por ela.
Como se vc expõe a sua dor... e no fim, vc é o culpado por sentí-la...
Uma terapeuta simplesmente me fazia sentir assim... não sei, sinceramente não sei se ela tinha ou não razão.. vou investigar isso depois... pois ainda estou no processo de curar-me..

Preciso de maturidade pra julgar isso... mas sei que vou usar esse sofrimento para entender aqueles que não são compreendidos.