sábado, 15 de julho de 2017

Musa inspiradora

Como posso ser poeta sem ter uma musa inspiradora?

Poderia escrever sobre minha vida, mas não tive vida.
Poderia escrever sobre a minha não vida, mas só sobraria o amargor.
Chegou um tempo em que eu escrevi tanto sobre o meu amargor, que perdi a vida.
Não só perdi a vida, mas perdi-me na vida.

Mas mesmo assim... gostava das palavras e sempre quis ter mulheres. Mas para ter mulheres não basta só palavras, tem de ter dignidade. Antes dignidade do que saber dizer.

Eu fui um tolo arrogante... achei que poderia me esconder atrás de poemas. Tentei dizer palavras belas e escrever sobre a inspiração de minha vida... mas como??? Era tudo mentira. Era imitação. Era limitação.

Escrevi poemas que não foram lidos. Toquei uma música, sem afinação e ritmo. Tentei amar mas era apego. E no meu ressentimento, apenas colhi escuridão. Escolhi escuridão, não solicitude, solidez.
Solidão... Solicitude e avidez...

No tédio, venho nesse blog me expressar. Tento escrever sobre qualquer coisa. Tento ser o tal Sábio Perdido.., mas estou perdido sem sabedoria...não em sabedoria...
Queria escrever mais um poema... talvez um único poema...mas sem ter do que falar, tudo é silêncio. Antes fosse silêncio se não fosse angústia...

E quando tento escrever, é do passado..é dos seus olhos que me fitaram. É onde eu mergulhei meu desespero, meu desamparo. É um instante eternizado?
Seus olhos foram o descanso de um instante. Seu perfume foi um respiro, seu sorriso meu último suspiro, sua voz a última canção.

Você é minha eterna musa inspiradora...é a esperança perdida, é meu último poema.
Foi um instante de alegria e uma eterna agonia.

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