quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Eu devia ter por volta de uns 11 anos no máximo.
Frequentava um grupo esportivo de imbecis. Era uma  associação esportiva de descendentes de japoneses.
Dizem que japoneses são inteligentes. Tenho minhas dúvidas. Dependendo da definição do que seja inteligente, os conceitos e estereótipos podem mudar.

Mas no caso dessa comunidade japonesa, o fato de eu achar que eles eram um bando de imbecis, não é resultado de uma redefinição do que seja imbecil. Porque a imbecilidade era inerente àquele local. Às pessoas, ao modo de pensar ao modo de ser. Sim, existem japoneses burros e imbecis.

Voltando.... 

Depois de treinar, em um domingo ensolarado... teríamos tempo para recreação. Cada um fazia o que bem entendesse. Tinhamos o tempo ocioso.

Eu estava perambulando quando vi um colega brincando de fazer córregos, cavando valas em terra. Havia uma pia sem encanamento e a água escorria diretamente para o chão de terra. Ele inventou de fazer um córrego, cuja nascente era o escoamento dessa pia, aproveitando que havia uma descida logo em seguida.
Achei aquilo interessante e despretensiosamente já estava ajudando ele a delinear o caminho do córrego.
Logo depois chegou um outro menino que se interessou também e ali nos divertíamos. Abrindo bifurcações, caminhos, observando o comportamento da água.

Próximo ao local havia um grupo de rapazes e meninas um pouco mais velhos. Deviam ter por volta de 13 anos. Eles estavam claramente flertando. E ali também estava a menina que eu era apaixonado, claramente flertando com os carinhas do grupo. Meu coração já era calejado com amores não correspondidos. Esse era apenas mais um não que eu receberia da vida. 

Eis que de repente a Menina por quem eu nutria minha paixão, veio até nossa direção. Olhou nosso projeto científico como um ar de desprezo e fez um comentário jocoso.
Nós, submissos, apenas ouvimos calados o deboche dela.

Com certeza eu era um dos mais marginalizados da comunidade. O garoto que inventou e brincadeira também era um dos desprezados... e o que veio depois de mim também, pois, ele não era descendente de japoneses. Ele era adotado por um casal de japoneses o que de certa forma legitimava sua participação no grupo. 

Naquela época senti um baque... mas hj me orgulho de mim mesmo. Eu estava interessado em algo maior que apenas ficar com garotinhas. Era um menino curioso. A brincadeira era produtiva.

Como sempre, o tempo amplia nossa percepção dos fatos. E as redes sociais ajudam a gente a ressuscitar fantasmas do passado. Fantasmas que se tornam apenas inofensivos.
Vi o face da menina que eu era apaixonado. Com o mesmo desprezo que ela olhou pra nossa brincadeira, olhei pras publicações dela. Pra foto dela.. Ela não era tão bonita quanto eu pensava. Aliás, ela era desprovido de beleza. E desprovido de qualquer brilhantismo intelectual. 

Aquele grupo se dispersou... ouvi algumas histórias depois. Uma delas é que o terceiro menino que brincou com a gente, foi preso.
Um dos caras que a menina que eu era apaixonado que estava no grupo naquele dia... emprestou o carro a dois mennores de idade bêbados e eles capotaram o carro, dando perda total, estourando a clavicula de um e feito  o outro desmaiar ao volante.
Eu sou um fudido na vida depressivo, mas nunca tive problemas com a justiça.

O mundo dá voltas e corre como água no solo. Apenas passa... pelos seus caminhos e bifurcações tortuosas.



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