A viu entrar. Como num choque de realidade a beleza daquela moça contrastava com o dia frio e cinzento. Traduziu seu espanto num único pensamento-palavra: Nossa! Que linda.
Como nunca havia visto aquela menina que usava o mesmo uniforme que o dele? Estava delirando? Não era delírio, aquele ser era real.
Tudo pareceu se iluminar. Num misto de paz e confusão. Um anjo, parecia um anjo. Cabelos loiros e olhos excessivamente verdes. Nunca havia fitado olhos como aqueles. Eram pedras preciosas cuidadosamente colocadas num anjo de marfim. Um anjo sem asas. Olhou sobre sua cabeça e não havia auréola também.
Era como naquelas histórias de filmes da sessão da tarde, onde o garoto mais feio, mais sem graça tem a oportunidade única de conhecer a menina mais bonita da escola.
Naquele dia, trocaram algumas palavras. No outro, se entreolharam. E no subsequente ele desviou do olhar, não conseguiu encará-la. E no outro, não se entreolhavam mais.
A vida não é roteiro de cinema, aprendeu. Escreveu-lhe um poema. Foi apenas uma forma de canalizar seu desejo, sua impressão como sempre, platônica.
Quinze anos depois, folheando seus cadernos, aquele poema ainda estava lá. Apesar da época ser um adolescente ingênuo, as palavras não eram precoces. Era um poema barroco. Na qual o anjo vaporoso é ao mesmo tempo a paz e perturbação. Amor versus Desejo. Idealização e Realidade contrapunham se em versos.
Hoje, mais pé no chão com outras ideias e perspectivas leu o poema. Sem interesse nenhum a procurou nas redes sociais. Viu seu perfil. Continua a mesma. Recém casada. Isso pouco lhe importava. Queria que o poema chegasse ao seu conhecimento. E chegou.
De todos os poemas de suas musas, enfim, um chegou aos braços e cumpriu o seu propósito. Ela lhe respondeu, agradeceu. Ele respirou aliviado e sorriu.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
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