Tomei
banho e me arrumei para ir ao Shopping Eldorado pegar meu passaporte. 
Durante o caminho eu consegui controlar o sentimento de tensão e ansiedade. 
A Raposo Tavares estava com trânsito em um trecho, era um horário incomum para
ter trânsito. Pensei que é porque havia homens trabalhando em carpir o mato que
fica a beira da estrada. Mas logo a frente, havia um veículo de resgate. Era um
acidente envolvendo moto. Evitei olhar o acidentado que estava dentro da ambulância. Já estavam na fase final do resgate. Só nesse mês é o segundo acidente que vejo envolvendo motos. É corriqueiro, é banal. A gente se aborrece mais com o trânsito e sentimos indiferença com  a pessoa que foi atropelada. Afinal, a cidade não pode parar. 
Prédios se erguem em uma avenida movimentada. Me surpreende que acharam esse naco de terra para erguer mais uma construção. O mercado imobiliário vai devorando a cidade com mais e mais prédios. O transtorno que irá causar na cidade, que fiquei para os outros. Já prevejo o quanto mais vai atrasar o transito, os próximos moradores que irão habitar com seus carros de luxo, tal construção. O paradoxo de que tempo é dinheiro. E dinheiro erguem nossa falta de tempo. 
Perto do Shopping podemos ver a hostilidade que permeia a  cidade. Cidade cinza, com prédios
por todos os lados que tiram a visão do horizonte. Vendedores
ambulantes de um lado..Lojas de carros importados de um outro. Uma mulher elegante desfila suas roupas de grife pelo pouco asfalto que dá acesso ao estacionamento. Um homem dorme na rua ao lado de um carrinho de
supermercado inexiste  Opulência e miséria se convivem lado a lado, mas seus protagonistas não
se misturam. Não se enxergam. E é assim que tem de ser em São Paulo. 
É assim que ter de tem de ser a vida. O tempo urge, o trânsito que não flui nos deixa mais apressados. Corremos e ganhamos tempo para não chegar a lugar algum. 
Só nesse curto caminho vejo duas situações que ilustram nosso caráter.
 Em Osasco uma mulher atravessava a
faixa de pedestre com o sinal aberto pra ela. Uma caminhonete preta não respeita
a sinalização e quase a atropela. A pedestre troca hostilidades com a condutora da
caminhonete que gesticula hostilmente para a pedestre se sentindo na razão. 
Perto do Shopping um rapaz de bicicleta na contra mão corta a rua. O taxi não o
vê e quase o atropela. O cara da bike se acha no direito de reclamar. Os dois trocam hostilidades.
 Aqui não se respeita as regras. Não se respeita a sinalização que em tese, nos definiria como civilizados. Não se respeita o ser humano que está ocupando o mesmo lugar no tempo e espaço. O ar poluído nos ofusca nossa visão. As construções de pedras e asfalto, endurecem nosso coração. 
Os donos da razão desfilam nessa selva de pedra. 
segunda-feira, 22 de abril de 2024
Do diário
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